Para Federarroz, tecnologia pode compensar clima no RS

A expectativa é que o uso de tecnologia compense a provável quebra provocada pelo clima.

Apesar da estiagem no Rio Grande do Sul, os produtores de arroz esperam colher na safra 2004/05 mais que a média de 5,5 milhões de toneladas obtidas nos últimos anos. A expectativa é que o uso de tecnologia compense a provável redução provocada pelo clima, avalia o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz), Valter Pötter. O dirigente conta que 400 mil hectares foram cultivados com alta tecnologia, com base em projetos que buscam elevar a produtividade.

Por enquanto, o Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga) já identificou que 30,9 mil hectares semeados com o grão foram abandonados por causa da estiagem, o que corresponde a 2,94% da área, estimada em 1,033 milhão de hectares. Outros 29,53 mil hectares estão sob risco de redução significativa do rendimento ou de perda total.

Mesmo que a safra supere a média dos últimos anos, não deverá repetir o recorde de 6,3 milhões de toneladas do período 2003/04, compara o presidente da Federarroz. A entidade prevê a produção de 5,8 milhões de toneladas no Estado, que fará a 15a Abertura Oficial da Colheita do Arroz no próximo domingo, em Dom Pedrito, a 441 quilômetros de Porto Alegre (RS). A programação da abertura da colheita começou hoje e amanhã terá palestras sobre o consumo de arroz no Brasil, o programa Arroz RS – que pretende elevar o rendimento médio para 6,5 toneladas/hectare até 2007 -, estratégias de manejo, custos de mecanização e visitas a lavouras.

O preço de mercado abaixo do custo de produção e a entrada de arroz importado preocupam os produtores na abertura da safra gaúcha do grão. Os agricultores apontam a entrada de produto importado como responsável pela queda de preço. A cotação média recebida pelos arrozeiros ficou em R$ 24,32 por saca de 50 quilos na semana passada no Rio Grande do Sul, enquanto o custo de produção da lavoura irrigada foi calculado em R$ 30,68 pelo Irga.

A Federarroz ingressou em janeiro com um pedido de salvaguardas contra o arroz importado no Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. A análise preliminar do pedido cabe ao Departamento de Defesa Comercial, mas não há prazo definido para esta etapa do processo, explica a sócia do escritório de advocacia Noronha Advogados, Carolina Monteiro de Carvalho, que representa os produtores.

Os arrozeiros reivindicam a aplicação de uma taxa de 50,13% ao arroz importado, que poderia vigorar por até 200 dias em uma decisão provisória. ‘No processo, argumentam que as importações deprimiram os preços no mercado interno. O presidente da Federarroz, Valter Pötter, observa que a nova safra vai chegar ao mercado com um estoque de passagem de 1,2 a 1,3 milhão de toneladas. A safra brasileira deve ficar em cerca de 12,2 milhões de toneladas, para um consumo de 12,6 milhões de toneladas.

Além da tentativa de restringir as importações, os agricultores buscam viabilizar exportações de arroz. No ano passado, foram embarcadas 58 mil toneladas (base casca) para o exterior, lembra o presidente do Irga, Pery Coelho. A meta dos arrozeiros é mais abrangente: eles esperam obter mercado para 500 mil toneladas. A intenção é formar um estoque com produto captado em regime de pool entre produtores e armazenar o arroz nas unidades industriais de cooperativas.

A estratégia resolve os problemas enfrentados no passado, diz Pötter, permitindo conhecer a quantidade disponível, melhorar a logística, já que o produto estará à disposição nas indústrias, e garantir a qualidade. Os produtores reivindicam a isenção de impostos para facilitar o acesso ao mercado internacional em condições de disputar com fornecedores que recebem subsídios.

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