Barragem em Cerro Branco (RS) salva produtores de arroz

Mesmo antes da conclusão, reservatório serviu para a irrigação de aproximadamente 200 hectares de lavouras depois que o Rio Botucaraí ficou sem água.

Uma obra ainda inacabada, executada na maior parte com recursos particulares, salvou dos efeitos da estiagem em torno de 200 hectares de arroz no município de Cerro Branco, na depressão central do Rio Grande do Sul. Um grupo de 90 produtores e 30 empresários e profissionais liberais formou, em 17 de julho de 2003, a Associação Barragem Aldo Menezes e, em parceria com a Prefeitura, está construindo um reservatório na localidade de Rodeio do Herval, nos altos da região serrana, na divisa com Paraíso do Sul.

Apesar de estar com apenas 20% do volume de água previsto, o vertedouro foi aberto há cerca de três semanas depois que o Rio Botucaraí ficou sem água para a irrigação das lavouras.

O técnico do escritório da Emater, Celso Kroth, explica que a medida beneficiou apenas as áreas mais próximas da barragem. “Mas deu a certeza aos produtores de que após a conclusão e com toda a capacidade de água servirá para regular o volume do Arroio Branco e do Rio Botucaraí nos períodos de estiagem, além de garantir a irrigação das lavouras até as proximidades do município de Novo Cabrais”, afirma.

O secretário da associação, Ivancur Seckler, calcula que depois de cheio, o reservatório beneficiará 900 hectares de lavouras. O secretário da associação afirma que os produtores da parte mais baixa do município, na divisa com Novo Cabrais, tiveram grandes perdas na plantação de arroz e milho, pois não conseguiram utilizar a água da barragem e o Rio Botucaraí praticamente secou. Seckler lembra que o fechamento da barragem ocorreu no inverno e depois houve poucas chuvas.

A conclusão da obra, a 15 quilômetros da cidade, inicialmente estava prevista para o final do ano passado. Ivancur Seckler explica que ainda falta levantar cerca de três metros de taipa. O trabalho deve ser executado quando o maquinário da Prefeitura estiver disponível. Conforme o secretário, hoje todas as máquinas trabalham para amenizar os efeitos da estiagem.

PARCERIA

A autorização da Fepam para a obra veio em 2003, com o início da construção, em fevereiro do ano passado. Cada agricultor participou com R$ 200,00 por hectare. A contribuição é proporcional à área de terras beneficiada. Os empresários e profissionais liberais entraram com cotas de R$ 300,00. O investimento até agora está em torno de R$ 165 mil. A Prefeitura gastou cerca de R$ 65 mil com combustível, trabalho com máquinas para fazer a taipa, instalação do registro e abertura de estradas.

O reservatório terá uma taipa com seis metros de altura e vai alagar 23 hectares. A capacidade será de 682.031 metros cúbicos de água, obtidos de vertentes existentes na área e das chuvas. A bacia de contribuição alcança 180 hectares. A água desce por gravidade até o Arroio Branco, que desemboca no Rio Botucaraí, principal ponto de captação para a irrigação das lavouras de arroz. A elaboração e execução do projeto contou com o apoio da Emater, Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga), Fepam, Ibama, Secretaria Estadual do Meio Ambiente e Departamento de Recursos Hídricos.

A área também deverá se transformar em local para a exploração do turismo e estudos científicos. A barragem será administrada pelos agricultores e o comércio, que fizeram o investimento com recursos próprios.

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