Cultivares resistentes controlam doenças do arroz
Os produtores devem adotar cuidados espeiciais para prevenir a ocorrência de doenças na lavouras e realizar efetivo controle.
As últimas safras de arroz no Rio Grande do Sul apresentaram a ocorrência de doenças causadas por organismos ou fitopatógenos que, se não controlados, podem trazer perdas de produtividade e danos ao ambiente. Os produtores devem ter cuidados quanto a prevenção e o controle das moléstias ocorridas na lavoura orizícola.
Segundo o agrônomo do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), Gustavo Funck, entre as doenças do arroz destaca-se, como principais, a brusone (Pyricularia grisea), a cárie do grão (Tilletia barclayana), a mancha parda (Bipolaris oryzae) e as manchas dos grãos (vários agentes causais). Entre as principais estratégias para evitar a ocorrência desses males à cultura, o fitopatologista recomenda o uso de cultivares com resistência genética às principais doenças do arroz.
Os agricultores podem optar pelos cultivares IRGA 423 e 424, lançadas nesse ano pelo Instituto. As variedades se destacam pela excelente qualidade de grãos, bons rendimentos e resistência às doenças do cereal.
Também, o uso desses cultivares, de acordo com o agrônomo, são benéficos ao ambiente, pois a necessidade de aplicação de fungicida é menor, explica. Outra recomendação importante é quanto o uso de sementes certificadas, puras e sem infestação de fungos, vírus e bactérias.
Quando ocorrer uma grande incidência de determinada doença em um dos cultivares semeados, Funck recomenda o uso de mais de uma variedade para a semeadura, com resistências genéticas diferenciadas, o que dificulta o aparecimento de raças mais agressivas, além de reduzir gastos, justifica.
O controle e a prevenção das doenças devem ser considerados no uso de medidas que reduzem o impacto ambiental. Para tanto, os agricultores devem adotar as práticas recomendadas a fim de evitar maiores infestações, como o preparo antecipado do solo e a época correta de semeadura.
O fitopatologista do Irga salienta que, se respeitadas essas etapas, o orizicultor estará favorecendo a eliminação de plantas hospedeiras, além de vantagens significativas relacionadas à implantação da lavoura.
É importante ressaltar que a ocorrência de doenças nas lavouras gaúchas varia conforme o ano, a lavoura, a região, as condições ambientais, as cultivares semeadas e o manejo da cultura devido às variações naturais das condições ecológicas e meteorológicas e a sensibilidade das variedades utilizadas.
Na região da Fronteira-Oeste, por exemplo, há maior incidência de doenças causadas por fungo de solo (queima-da-bainha, podridão do colmo) e doenças de panícula, como a cárie do grão. Já na região da Planície Costeira Externa a incidência maior é de brusone, e de escaldadura (Gerlachia orizae), tendo em vista às condições adequadas de temperatura, umidade relativa e de precipitação pluvial.
A adubação nitrogenada é outra consideração importante apontada pelo pesquisador do Instituto.
– É imprescindível fazer a análise do solo e seguir as boas práticas que implicam em uma adubação equilibrada – destaca.
Para Funck, solos com baixos teores de nitrogênio, fósforo e potássio tornam as plantas debilitadas e mais suscetíveis às moléstias.
Com a adoção das práticas corretas, os produtores evitam a entrada das doenças na lavoura, podendo dispensar o uso de fungicidas. Porém, o uso desses produtos químicos é considerado uma importante ferramenta em casos isolados, como altas incidências de determinadas doenças.
– O uso de agroquímicos é um método complementar e eficiente no controle, principalmente naquelas lavouras com histórico de danos freqüentes e sob condições climáticas muito favoráveis à sua ocorrência – esclarece.
Para obter bons resultados da lavoura orizícola, o manejo integrado da cultura deve ser empregado corretamente pelos arrozeiros. Assim, um uso menor de fungicidas contribui de forma satisfatória para a qualidade do ambiente com maiores rendimentos, além de reduzir custos e garantir a sustentabilidade da orizicultura gaúcha.