Arroz RS e o Governo

O Rio Grande do Sul, principal produtor de arroz irrigado do Brasil, com um valor bruto de produção beirando um bilhão de dólares e gerando cerca de 250 mil empregos diretos e indiretos, está lançando mão de um programa governamental para alavancar a competitividade do setor. “Estamos buscando rentabilizar o segmento arrozeiro gaúcho, de vital importância para o Rio Grande do Sul e, notadamente, a metade sul do estado, e garantir a sua sustentabilidade”, afirmou o governador Germano Rigotto, no lançamento do Programa Arroz RS, em Porto Alegre.

A meta do programa é promover o aumento de até uma tonelada por hectare (t/ha) na produção de arroz do Rio Grande do Sul, passando das atuais 5,5 t/ha para 6,5 t/ha, ao final das quatro próximas safras. “Até 2007, queremos produzir mil quilos a mais do cereal”, garantiu. O programa está alicerçado em ações que iniciam na área informativa, com o marketing do produto arroz gaúcho, ações de comunicação direta com o produtor e o incremento da pesquisa forte e da extensão rural, com apoio total às experiências que estão sendo gestadas nos órgãos vinculados.

 

Híbrido do Irga

O Instituto Rio-grandense do Arroz deu start no Projeto Arroz Híbrido, com a assinatura de convênio com o Instituto Hunan, da China, por intermédio da Agropecuária Ana Paula, de Bagé. A partir do acordo, firmado durante a Expointer 2003, o Irga se insere no panorama mundial de pesquisa e melhoramento de cultivares híbridas, com a particularidade de buscar adaptação às condições edafoclimáticas gaúchas, segundo informou o gerente da Estação Experimental do Arroz, em Cachoeirinha, Maurício Fischer.

Os híbridos podem alcançar produtividade até 20% superior às cultivares top que existem atualmente no mercado.

Pelo convênio, técnicos do Irga serão qualificados pelos chineses. Cinco pesquisadores da China trabalharão no Irga. Este intercâmbio também permitirá ao instituto estabelecer uma geração de inverno em Alagoas e estudar algumas mudanças de manejo, como a densidade de semeadura e a tolerâncias às doenças. As desvantagens do sistema são a qualidade do grão e, principalmente, o custo da semente, em torno de quatro dólares o quilo.

 

Arroz e Soja

O desenvolvimento de cultivares de soja tolerantes ao estresse hídrico, por excesso ou falta, adaptadas às condições de várzea no Rio Grande do Sul é o novo desafio do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga). Melhoristas da área de soja foram contratados para estabelecer um programa de melhoramento de soja para várzeas, um projeto que integra o Programa Arroz RS.

A leguminosa surge como a principal opção para a rotação de culturas em baixios, por sua capacidade de fixar nitrogênio no solo, possibilitar o controle de inços e, ainda, gerar um bom resultado econômico para o produtor.

O Rio Grande do Sul tem 3 milhões de hectares de várzeas, nas quais a única cultura adaptada é o arroz. Anualmente, o Rio Grande do Sul planta perto de um milhão de hectares de arroz, por deficiência de água. Restam dois milhões para outras finalidades. Estima-se que o potencial para soja, dentro destes dois milhões, seja de 400 mil hectares, aproveitando-se as áreas mais apropriadas. Atualmente, cerca de 100 mil hectares de várzeas são plantados com soja no RS, segundo estimativa da Emater-RS.

 

O Arroz do Frio

As baixas temperaturas do solo em setembro e os picos de frio historicamente registrados em períodos isolados dos meses de fevereiro e março no Rio Grande do Sul, sobretudo nas regiões da fronteira-oeste e sul, atrasam o plantio e geram perdas na produtividade na lavoura gaúcha. Até o momento, só resta aos produtores aguardar que o solo alcance uma temperatura mais alta – entre outubro e dezembro – para fazer a semeadura e torcer para que o chamado “frio do Carnaval” não encontre a lavoura na fase da floração.

Estas dificuldades estão com os dias contados. Dentre as ações previstas pelo Programa Arroz RS está a produção de cultivares tolerantes ao frio. O representante do Fundo Latino-americano de Arroz Irrigado (Flar), Marco Antônio Oliveira, anunciou que cultivares de arroz com boa tolerância às baixas temperaturas de solo e clima em geral foram encontradas no banco de germoplasma da entidade e estão em fase de testes para serem incorporadas aos programas de melhoramento e cruzamento com variedades comerciais do Irga. Antes de serem comercializadas, as cultivares passarão por mais testes.

 

Pré-germinado

O sistema de produção de arroz pré-germinado vai, enfim, ganhar cultivares específicas. O Irga anunciou que pesquisas de melhoramento para lançar variedades especialmente destinadas ao sistema pré-germinado foram aceleradas. O desafio compõe uma das propostas do Programa Arroz RS. Segundo o pesquisador Maurício Fischer, gerente da Estação Experimental do Arroz, de Cachoeirinha, há quatro anos o instituto seleciona plantas no molhado, com foco especial no pré-germinado. “Já temos muito material com características identificadas para o sistema, o que favorecerá o lançamento de cultivares a médio prazo”, revelou. Atualmente, de 10% a 12% da lavoura gaúcha é cultivada neste sistema, o que justifica o esforço científico.

 

Senar

350 orizicultores gaúchos serão treinados até o início do plantio da próxima safra agora em outubro. Os cursos são um convênio firmado entre Senar-RS e Irga, que objetiva beneficiar 14 mil produtores, ampliando o atendimento àqueles que não estão ligados ao sistema sindical no RS. O primeiro curso foi sobre manejo integrado da lavoura.

 

Clearfield

Não será nesta safra que o arroz Clearfield – 422CL – entrará em sistema de produção comercial de grãos. O herbicida Only, da Basf, ainda não obteve o registro do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), exigindo o adiamento. Mesmo assim, o Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) vai dar início à produção de sementes em maior escala e qualificação de produtores que no próximo ano devem trabalhar com esta tecnologia. Em princípio, serão instalados dois mil hectares de lavouras, gerando sementes para 60 mil hectares na safra 2004/2005.

Se o produto for liberado a tempo do plantio na safra 2002/2003, o Irga terá 14 mil sacos para disponibilizar aos produtores que comprarem a tecnologia. Para produzir sementes do 422CL e conduzirem as áreas de capacitação do Irga, foram escolhidos até dois produtores por município, em áreas não superiores a 100 hectares. A tecnologia Clearfield se apresenta como a principal ferramenta no controle do arroz preto e do arroz vermelho, inços que cruzam com o arroz branco. Daí a necessidade de classificar apenas produtores capacitados.

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