Mecanismo de proteção

 Mecanismo de proteção

Volatilidade do preço do arroz tem nível semelhante aos demais grãos negociados na BM&F/Bovespa
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O mercado de arroz no Brasil não atrairá investimentos e interesse internacional, como ocorre com a soja e com o milho, enquanto não forem criados instrumentos de proteção de preço. Estudos da assessoria econômica da Federação da Agricultura do Rio Grande do Sul (Farsul) mostram que nas últimas 10 safras o preço caiu em seis delas, enquanto subiu em quatro, se analisado o ciclo plantio-colheita. 

Outras culturas do agronegócio brasileiro também sofrem oscilações de preço, mas no caso do arroz existe outro fator a ser levado em conta: o orizicultor, no instante em que define o que, quanto e como produzir, ou seja, o momento do plantio (final de setembro/início de outubro), já conhece o seu custo de produção. Entretanto, ele não conhece sua receita, pois deverá comercializar a produção em março, quando colher. Assim, o valor recebido pelo seu produto no instante da colheita é desconhecido. Portanto, o produtor não sabe sequer se vale a pena produzir. 

Com base nas últimas 10 safras entre o período de plantio e colheita, o analista econômico da Farsul, Antônio Newton Corrêa da Luz, observa que o preço subiu em quatro delas, com uma média de alta de 18,83%. “A probabilidade de ocorrência de alta deve ser, portanto, igual a 0,40. Nas outras seis safras analisadas houve depreciação do valor do arroz, com média de queda de 8,42% com probabilidade de 0,6, portanto”, avalia. 

Para o economista, diante deste cenário é clara a necessidade de criação de Contratos Futuros e de Opções de Arroz na Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F)/Bovespa, a exemplo do que ocorre com o milho e com a soja, tanto para os produtores quanto para a indústria, pois ambos possuem uma alta probabilidade de que o preço tome um rumo contrário aos seus interesses e com magnitudes bastante elevadas. “Tais magnitudes, por outro lado, podem ser atrativas para especuladores que percebem nesse mercado uma alta porcentagem de ganhos”, avalia. 

Ele explica que a volatilidade dos preços do arroz é bastante alta. “Na comparação com a volatilidade do milho e da soja vemos que o arroz se equipara em volatilidade e algumas vezes supera as apresentadas por estas duas commodities. Devemos lembrar que milho e soja dispõem de negociação em mercados futuros na BM&F/Bovespa, o que atrai para o pit de negociações centenas de investidores, coisa que o arroz ainda não tem. Mesmo assim possui volatilidade comparável a estes produtos”, argumenta.

ATOMIZAÇÃO 

Este complexo mercado, de acordo com Antônio da Luz, reúne todos os requisitos necessários para o lançamento de Contratos Futuros e de Opções, quais sejam: atomização do mercado, commodity de interesse econômico, mercado físico forte, volatilidade dos preços, facilidade de padronização em commodity e atuação dos participantes no mercado físico. “Temos que considerar que o preço do arroz brasileiro, por não ser negociado em bolsa, não possui a influência de outros players, como ocorre com milho e soja, pois as negociações ocorrem apenas no mercado físico”, compara.

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