Perspectivas e tendências de safra e mercado do arroz
Para o ano-safra 2010/2011, segundo dados divulgados pela Conab, a produção está estimada em 12,8 milhões de toneladas e o consumo em 12,6 mil toneladas. Dessa forma, o estoque final foi calculado em 1,6 milhão de toneladas, excluindo os estoques governamentais que são da ordem de 990 mil toneladas. A estimativa de importações para este ano comercial 2011/2012, que terá início em março deste ano, será em torno de 800 mil toneladas e as exportações avaliadas em 600 mil toneladas. Para o ano comercial 2010/2011 que finaliza em fevereiro, os volumes de importação devem se consolidar por volta de 1,1 milhão de toneladas e as exportações em torno de 600 mil toneladas.
Em relação à safra passada o aumento estimado na produção é de 10%. Este aumento se deu em função do comportamento do clima que favoreceu a cultura do arroz, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, que contou com quantidade suficiente de água para irrigação e recuperação das áreas perdidas da safra anterior. Dessa forma o mercado deve contar com mais 1.170.500 toneladas de arroz do que na safra passada.
A incidência do fenômeno La Niña no centro-sul favorece a cultura do arroz irrigado, que requer boa luminosidade e irrigação adequada. A estiagem ocorrida no Rio Grande do Sul atingiu uma área correspondente a 3% da área cultivada com arroz no estado com perdas pontuais. Nas regiões produtoras do arroz de sequeiro o clima até o momento é bastante favorável para o estabelecimento da cultura e seu desenvolvimento vegetativo. Nas regiões Norte e Nordeste o plantio do arroz está na fase inicial, com desenvolvimento normal.
COMPARATIVO DE ÁREA, PRODUTIVIDADE E PRODUÇÃO DE ARROZ
SAFRAS 2009/2010 E 2010/2011
A cotação da saca de arroz em casca no estado do Rio Grande do Sul iniciou o ano de 2010 com uma significativa recuperação. Em janeiro a cotação do arroz estava em torno de R$ 30,00. A partir do mês de fevereiro houve uma inversão e os preços começaram a cair e em outubro atingiu níveis abaixo do preço mínimo (R$ 25,80/saca de 50 quilos), conforme demonstrado no gráfico. Este cenário levou o governo federal, no final do ano passado, a intervir no mercado com o instrumento de apoio à comercialização Prêmio para Escoamento de Produto (PEP).
MECANISMOS DE COMERCIALIZAÇÃO
As operações de PEP tiveram início no mês de novembro de 2010 com o objetivo de dinamizar a comercialização, abrindo oportunidade para escoamento externo do produto do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Não tiveram muito sucesso e a procura não foi aquela esperada, pois para os participantes o valor do prêmio estaria abaixo do esperado.
Neste ano corrente já aconteceram dois leilões de PEP. O valor foi de R$ 4,82/saca de 50 quilos, um aumento no valor do prêmio de 26,8% em relação ao último leilão ocorrido no final do ano passado. Houve disputa e uma melhor demanda sob o produto ofertado, mas ainda não foi suficiente para recuperar os preços baixistas do mercado de arroz.
TENDÊNCIAS
Com uma previsão de produção maior para a safra 2010/2011 e um estoque de passagem elevado e com preços médios mais baixos aos produtores, a tendência é de uma maior pressão baixista sobre os preços internos do arroz.
Os distanciamentos das cotações praticados no mercado em relação ao preço mínimo fizeram com que o Governo Federal alocasse recursos para intervenção através de leilões de Prêmio para Escoamento de Produto (PEP) e Aquisições do Governo Federal (AGF).
De acordo com a divulgação feita pelo ministro da Agricultura, Wagner Rossi, a Conab vai comprar 360 mil toneladas de arroz por meio de Aquisição do Governo Federal (AGF). Também serão realizados leilões na modalidade Prêmio de Escoamento do Produto (PEP) para apoiar o escoamento de 1,02 milhão de toneladas de arroz. Esse tipo de operação permite que o grão seja adquirido pelo preço mínimo e transportado para região predeterminada pelo governo, onde há demanda pelo produto. Os leilões serão autorizados por portaria interministerial (Fazenda, Planejamento e Agricultura) a ser publicada no Diário Oficial da União.
Regina Célia Gonçalves Santos
CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento
Sugof – Superintendência de Gestão da Oferta
Gerab – Gerência de Alimentos Básicos
Analista de Arroz
regina.santos@conab.gov.br
(61) 3312-6245