Por que o arroz “valeu mais” no primeiro semestre do que no segundo em 2021
Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Estado (Federarroz-RS) classifica 2021 como um ano atípico, em que o produto esteve mais valorizado no primeiro semestre – quando entra safra nova – do que no segundo – quando habitualmente a oferta vai se reduzindo, puxando para cima os preços.
– É um ano preocupante, porque ao mesmo tempo que baixou para o produtor 35%, o custo subiu, entre 10% e 25% – pondera Velho.
Depois de um 2020 em que uma soma de fatores – entre os quais a demanda em alta, dentro e fora de casa – valorizou o arroz, do produtor ao consumidor, o cenário ficou diferente. No Estado, que responde por cerca de 70% da safra nacional, a colheita cresceu em volume, impulsionada por uma produtividade recorde de 9.010 quilos por hectare.
Em contrapartida, o mercado doméstico se encolheu com a perda de poder aquisitivo. E o externo também desacelerou. Conforme a Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), dificuldades logísticas foram o principal entrave ao fluxo neste ano.
A falta de navios e contêineres elevou exponencialmente o preço do frete, pontua Gustavo Trevisan, diretor de Assuntos Internacionais da entidade:
– Para o Peru, um dos principais destinos do nosso arroz, o valor do frete saltou de US$ 1 mil para US$ 7,5 mil, e para os Estados Unidos, de US$ 1,5 mil para US$ 9 mil.
Com produção maior e demanda menor, a cotação ao produtor caiu. Para o consumidor, o cenário é diferente. Em novembro, o quilo do arroz agulha, conforme dado do Iepe/UFRGS, era 25% maior do que em igual mês de 2020.