Mercado do arroz firme e com perspectivas de alta

 Mercado do arroz firme e com perspectivas de alta

Foto: Robispierre Giuliani/Planeta Arroz

(Por Cleiton Evandro dos Santos / Revista Planeta Arroz) Outubro se encerra com o mercado do arroz em casca bastante firme no Rio Grande do Sul e com os cenários indicando que essa recuperação de preços não deve parar por aqui. A média de preços no Rio Grande do Sul já ultrapassou R$ 80,00 por saca, mas há uma grande diferença – de até sete reais – em diferentes regiões. A Zona Sul, por exemplo, opera tranquilamente na volta dos R$ 85,00 e com pressão de alta, pois as tradings já trabalham entre R$ 86,00 e R$ 88,00 para compra do arroz, mas incluindo o frete de distâncias como a Fronteira-Oeste.

Até porque na Zona Sul os volumes, em função do grande volume de exportação de arroz em casca, já estão mais baixos. Quem não vendeu arroz até 1º de novembro, não precisa vender. E pode esperar. Não é muito diferente em outras regiões.

Vamos analisar alguns fatores que podem advir?

Rio Grande do Sul e Santa Catarina estão entrando na reta final da semeadura. Em Santa Catarina o plantio se concentra mais na região Sul. No Rio Grande do Sul as planícies costeiras e a região Central se mantêm um pouco mais atrasadas em relação às outras, mas ainda assim à frente do desempenho do ano passado. Boas chuvas no domingo e nesta segunda-feira ajudarão tanto na emergência quanto no avanço das operações de semeio. A janela de tempo para a semeadura da soja em terras baixas já começa a preocupar nas propriedades em que o arroz está mais atrasado, tanto na emergência quanto na semeadura. A queda das temperaturas também deverá alongar um pouco mais o ciclo, e os agrônomos e produtores esperam uma semana a 10 dias a mais e o aumento do volume aplicado e do custo com nitrogênio.

O mercado segue demandado, e a indústria que quer comprar matéria prima precisa aceitar os preços dos produtores. Quem precisava vender, já vendeu. Nesta época, a comercialização é muito mais estudada e acontece em condições mais vantajosas para os produtores. O mercado abriu, nesta segunda-feira, com muitas incertezas e quietude com relação às vendas. Ressaca das eleições e reflexo da movimentação que trava algumas estradas. Tradings e corretoras estão demonstrando preocupação por causa do movimento de cargas de arroz, principalmente em casca, para Rio Grande, para atender às exportações. Como não são produtores, mas caminhoneiros e outras classes que comandam boa parte das manifestações, é mais difícil buscar a passagem de insumos e produtos, seja para a retirada da safra de trigo e culturas de inverno das propriedades.

Aos arrozeiros preocupa, mais do que o preço e o clima, a margem que poderá ser alcançada na comercialização. Isso porque os preços médios indicados pelo Cepea/Irga, ainda estão abaixo do custo total de produção por saca, estimado em R$ 93,00. Claro que é um valor detalhado, com arrendamento, entre outras coisas, e muitos produtores consideram apenas o desembolso como custo. Ainda assim, a margem é muito apertada quando não é negativa para muita gente.

INTERNACIONAL

No cenário internacional o panorama também é favorável à orizicultura. Isso porque o Hemisfério Norte teve uma safra mais fraca e o clima seguirá afetando o sul. O Mercosul, exceto o Paraguai, vai reduzir área, tal qual fez os Estados Unidos. China, Índia e Tailândia deve ter safras menores, assim como alguns dos grandes importadores africanos.

Neste contexto, a ressaca da eleição também preocupa. Ninguém sabe o que será o comportamento do dólar, que oscilou de R$ 5,39 até R$ 5,16 entre quarta-feira da semana passada e hoje. Se houver uma elevação mais considerável, há chances de travar o preço e assegurar novas cargas. De qualquer maneira, a demanda permanece e alguns negócios estão sendo agendados para dezembro e janeiro.

VAREJO

Os preços aos consumidores seguem evoluindo, ainda que devagar. A média de preço para o pacote de cinco quilos, Tipo 1, do arroz branco, aproximou-se dos R$ 22,00, a mínima evoluiu para a casa dos R$ 15,00 e a máxima já voltou a aproximar-se de R$ 40,00. Ainda assim, a relação entre matéria-prima e preço do fardo está descasada, com a indústria voltando a ser o “algodão entre os cristais”, pois de um lado é pressionada a pagar mais pela matéria-prima, de outro o varejo resiste a aceitar a valorização do fardo.

TENDÊNCIA

Embora o cenário de produção e de mercados nacional e internacional permaneçam muito favoráveis à valorização do arroz, com queda de oferta, a ressaca das eleições ainda poderá interferir nos preços, em especial, nos valores internacionais. Isso porque o câmbio pode ser afetado. Um novo reajuste dos combustíveis, fala-se em manutenção de preços artificiais de até 20% mais baixos até agora, também pode trazer novos impactos à cadeia produtivo. Uma parada dos caminhoneiros, por exemplo, prejudicaria quem está movimentando insumos, colhendo ou plantando. E gerar nova alta dos preços ao consumidor.

A política, de qualquer forma, interfere nos mercados. Mas, é de se esperar que seja uma interferência marginal, sem maiores impactos. Mas, em se falando de política no Brasil, sabemos que tudo é possível.

O Indicador de Preços Cepea/Irga, marcou uma variação de 4% em outubro, até a tarde desta segunda-feira (não computado o último dia do mês). Até o domingo, portanto, a cotação média era de R$ 80,15, valor equivalente a US$ 15,08 por saca. Mas, em algumas regiões se pratica R$ 85,00 (Zona Sul) e outras, R$ 76,50 a R$ 77,00 (Campanha e Central). Novembro manterá a trajetória de alta, a menos que a política gere um sobressalto. Mas, daí é outro capítulo para analisarmos na semana que vem.

Este 31 de outubro marca o Dia Internacional do Arroz. Parabéns aos que fazem parte desta incrível cadeia produtiva, pilar da alimentação brasileira.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter