O peso da oferta

Estoques enxutos e safra curta manterão cotações mais altas

 

O mercado de arroz no Brasil, na temporada comercial 2023/24, referente à negociação da safra 2022/23, tende a apresentar melhores preços médios no ambiente doméstico. A avaliação é do analista da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Sérgio Roberto Santos Filho, que considera serem fundamentos para projetar esse cenário a menor disponibilidade do grão pela colheita mais curta, a redução dos estoques pelo recorde de exportações alcançado em 2022 e uma demanda internacional consistente que buscará abastecimento no Brasil, se houver um câmbio favorável aos negócios.

Para o analista, no entanto, mesmo os preços médios se mantendo em um patamar relativamente mais elevado em comparação com a última temporada, a margem dos agricultores poderá ser mais curta por causa dos custos de produção. Antônio da Luz, economista-chefe da Farsul, explicou que embora os indicadores de custos tenham caído na reta final de 2022 e em janeiro de 2023, isso foi influenciado por uma redução no preço de insumos, como os fertilizantes, mas que só aconteceu depois que os agricultores já haviam adquirido os produtos a preços muito mais altos.

Quem se antecipou ou comprou na época indicada, entre maio e setembro, que foi a imensa maioria, pagou mais caro do que quem se atrasou nas aquisições. Então, embora seja importante que os insumos tenham preços mais competitivos, a safra que começa a ser colhida não terá reflexo direto desse movimento de baixa.

A Conab também estima retração do volume comercializado com o mercado externo em quase 50% para 1,2 milhão de toneladas, também por causa da redução de oferta. Diante dos números apresentados, a perspectiva do organismo governamental é de retração do estoque de passagem para 1,7 milhão de toneladas ao fim de 2023. Ao longo da cadeia produtiva, os números oficiais são considerados “otimistas”. Espera-se estoques ainda menores. O consumo, segundo a Conab, também deve seguir caindo e recuará para 10,6 milhões de t. A importação tende a ser maior, em especial do Paraguai.

A safra norte-americana e câmbio serão determinantes para o dimensionamento da presença brasileira no mercado externo. Ainda assim, e apesar do recuo deste início de ano, a Conab espera que as cotações mantenham viés de alta com a intensificação da entressafra nacional.

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