Arroz atinge maior preço desde julho de 2005
(Por Patrícia Feiten, Correio do Povo) Favorecidos pela redução na oferta, os preços do arroz em casca seguem firmes neste início de novembro, acompanhando a tendência verificada desde o final de junho. De acordo com o indicador Cepea/IRGA-RS, divulgado pelo Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo (Esalq/USP), a cotação da saca de 50 quilos atingiu R$ 109,90 na terça-feira (7), um aumento de 0,76% frente ao dia anterior. É o maior valor nominal registrado na série histórica do levantamento, iniciado em julho de 2005.
O presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Alexandre Velho, explica que a recuperação dos preços reflete um conjunto de fatores, como o período de entressafra, a demanda internacional e as restrições aplicadas às exportações do cereal pela Índia, que representa 40% das vendas externas do grão.
“Estamos chegando no pico da entressafra. O Paraguai começa a colher somente na virada do ano, e o Uruguai praticamente não tem mais arroz, então diminuiu bastante a oferta no Mercosul”, afirma o agricultor. A safra dos Estados Unidos, acrescenta, começa a ser colhida agora, mas estará disponível para negócios apenas a partir de janeiro, o que ajuda a sustentar as boas cotações.
Segundo Velho, também colaboram para a alta o aquecimento do mercado interno e o bom ritmo dos embarques brasileiros de arroz, graças ao retorno do dólar ao patamar de R$ 5, que estimula as exportações.
De janeiro a outubro deste ano, o Brasil exportou 748,1 mil toneladas do cereal, volume 7,3% superior ao do mesmo período de 2022, de acordo com dados da plataforma Comex Stat, do governo federal. Apesar da expectativa de estabilidade para o grão, Velho lembra que os custos da lavoura arrozeira dispararam 60%, em média, nos últimos dois anos.
“A safra 2022/2023, que estamos vendendo agora, foi uma safra de custos altíssimos. Este preço hoje é remunerador, mas um número muito pequeno de produtores tem arroz disponível para venda. O preço está se aproximando da paridade internacional, o que deve trazer uma calma para o mercado”, avalia o agricultor.
De acordo com dados divulgados pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) na segunda-feira, a semeadura do arroz no Rio Grande do Sul já foi concluída em 64,31% da área total de cultivo, projetada em 902.424 hectares no ciclo 2023/2024.
As chuvas excessivas atrapalharam os trabalhos de preparo do solo e plantio, principalmente na Região Central e na Fronteira Oeste, diz o presidente da Federarroz. “Parte da lavoura gaúcha deve ser plantada após o dia 15 de novembro, e a melhor janela ou a janela de semeadura indicada se encerra em 15 de novembro”, observa Velho.