El Niño dá novo e duro golpe na lavoura gaúcha de arroz

 El Niño dá novo e duro golpe na lavoura gaúcha de arroz

(Por Cleiton Evandro, AgroDados/Planeta Arroz) Com mais de 20% das lavouras de arroz da safra 2023/24 para colher, ou 180 mil hectares, o Rio Grande do Sul, estado que responde por 72% do arroz produzido no Brasil, sofreu novo e duro golpe do clima, com episódios de chuvas que entre o segunda, dia 27 de abril, e hoje dia 2 de maio, já superaram 630 milímetros em várias regiões, mas especialmente a Região Central. A zona arrozeira mais atingida é exatamente aquela em que a colheita estava mais atrasada, e atualmente está com 100% de suas áreas cobertas por até 3 metros de água, correntezas e ainda passou por episódios de vento e granizo. A Depressão Central gaúcha sofreu muito com os episódios de outubro, novembro e dezembro, na época do plantio, o que atrasou as operações de semeadura, dificultou o manejo das plantas e dos tratamentos e, por fim, agora ao que parece sofre uma espécie de golpe de misericórdia.

Rios transbordaram em níveis recordes, houve chuvas de granizo, vento e uma situação que não só alcança, na região, cerca de 30% das lavouras arrozeiras ainda no campo, mas também mais de 60% da soja cultivada em terras baixas, que também foram semeados mais tarde. No Estado, perto de 100 mil hectares estão debaixo de uma massa de até três metros de água.

Com previsão de que chova mais cerca de 150 milímetros até esta sexta-feira, a região ainda não conseguiu calcular os prejuízos, mas os acessos às lavouras estão intransitáveis e há queda de pontes, pontilhões e barreiras em quase todos os municípios. Vídeos nas redes sociais mostram rompimentos de barragens e casas, máquinas e silos submersos.

O presidente da Federarroz, Alexandre Velho, divulgou nota oficial da entidade se manifestando sobre os eventos climáticos que atingem, novamente, a lavoura de arroz.

“Embora parte das lavouras tenha sido atingida e está debaixo dágua, e não tenhamos como mensurar as perdas imediatamente, é claro que haverá mais perdas em uma safra que já vem sendo muito desafiadora para o orizicultor. A Federarroz está a disposição para ajudar no que for possível e estará pronta para reivindicar, em nome dos rizicultores afetados pelos danos, medidas que compensem, minimizem ou facilitem a solução dos problemas”, frisou. “Antes de tudo, porém, precisamos de um diagnóstico da real situação”, acrescenta.

O presidente considerou demasiado cedo para arriscar-se em opinião sobre números da safra e também sobre o comportamento do mercado. “Há inúmeros fatores que compõem a repercussão nos preços, não apenas o clima. Vamos aguardar para termos maior clareza sobre os impactos deste evento”, reconheceu. O Irga também realiza monitoramento das lavouras e deve divulgar uma análise inicial da situação. A diretora técnica, Flávia Tomita, explicou que há contato permanente com os nates e coordenadorias para analisar o cenário. “Como as águas estão muito altas e os acessos interrompidos, só será possível avaliar os danos depois que as águas baixarem”, reconhece.

O presidente da União Central de Rizicultores (UCR), de Cachoeira do Sul, Carlinhos Wachoolz, considera a situação uma catástrofe sem precedentes. “Tivemos áreas em que o Rio Jacuí entrou três vezes e exigiu dois replantios. Agora, semeadas com atraso, conduzidas com muita dificuldade, as lavouras são novamente atingidas por essa que deve ser a maior enchente da  história, cuja água chegou a lugares aonde nunca tinha chegado antes. Nem mesmo quem já colheu ficou livre, pois as águas invadiram silos, galpões de máquinas, depósitos de insumos, centrais elétricas e eletrônicas, oficinas e casas”, explica.

PREÇOS
A expectativa é de que este novo e grave evento climático que gerou enchentes, chuvas de granizo, ventanias e perto de 500mm de chuvas em curto espaço de tempo nas lavouras de arroz do Rio Grande do Sul, impulsionem ainda mais os preços do grão no mercado nacional. Por causa do El Niño e de uma colheita longa e fracionada, as cotações evoluíram 8% em maio, terminando o mês em R$ 107,00.  Nos supermercados da região Sul já houve reajuste nos preços dos alimentos, o arroz inclusive.

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