A palavra de ordem é recomeçar
“Estamos, no setor, sós e por nós mesmos.”
Não foram todos os produtores de arroz, ou mesmo as indústrias, que foram efetiva e diretamente afetados pelas inundações de abril e maio no Rio Grande do Sul. Mas todos, indistintamente, que trabalham com essa cadeia produtiva foram, de alguma forma, atingidos. Seja pelas dificuldades de logística, pela intervenção desnecessária e inoportuna do governo federal com a proposta de compra de arroz importado e venda subsidiada, que acaba afetando também a renda de quem conseguiu colher, seja com o impacto desses anúncios sobre os preços praticados ou, ainda, pela falta de ações concretas aos produtores e empresas que realmente tiveram suas lavouras, máquinas, silos, casas encobertas ou invadidas pelas águas.
A resiliência é uma característica da cultura do arroz, que já superou grandes secas e grandes enchentes. A resiliência é característica cultural também do arrozeiro. Hoje, a palavra de ordem na orizicultura gaúcha é recomeçar. Para muita gente, não será fácil. Perder alguns hectares traz problemas, mas já faz parte da rotina da lavoura. Agora, perder até mesmo o solo é uma situação inusitada e que vai requerer a alavancagem dos governos federal e estadual em socorro aos produtores. O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) está levantando os prejuízos, em uma tarefa árdua e que levará tempo.
Não adianta apenas alongar as dívidas. Os R$ 7,2 bilhões que o governo federal quer usar para subsidiar arroz estrangeiro reconstruiria a lavoura arrozeira gaúcha e devolveria as condições de produzir de cada um dos arrozeiros e empresas afetadas. Porém, o caminho que o governo parece querer trilhar é outro, é adverso, é antagônico à lavoura. Estamos, no setor, sós e por nós mesmos. Como sempre foi.