Após sete anos, balança comercial do arroz terá déficit

 Após sete anos, balança comercial do arroz terá déficit

(Por Planeta Arroz) A balança comercial brasileira do arroz deverá fechar o ano negativa em até mais de 400 mil toneladas, após seis temporadas de superávit acumulados. A expectativa da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), é de que o Brasil importe 1,7 milhão de toneladas e exporte 1,3 milhão.

Os números, até agora, seguem nesta direção. De janeiro a julho o país importou 1,024 milhão de toneladas e exportou 731,4 mil, com déficit de 293.538 toneladas, ou 28,6%. Os embarques, até agora, são 26,5% menores do que entre janeiro e julho de 2023.

Para alcançar os volumes do ano passado, em 1,754 milhão de toneladas embarcadas, o país precisaria negociar mais 1,022 milhão de toneladas em cinco meses, média superior a 200 mil toneladas mensais. Para alcançar a estimativa da Conab, de 1,3 milhão, necessitaria realizar remessas mensais de 113,7 mil toneladas, diante da média, até agora, de 104,5 mil t. O mês de julho apresentou o maior volume de embarques do ano, em 175 mil toneladas, mas ainda assim 30,8 mil inferiores às aquisições, em 205,8 mil t, um recorde desde 2022.

As importações têm sido muito fortes este ano, uma vez que os preços internos do Brasil estão mais altos do que no Mercosul, nos Estados Unidos e na Ásia. Logo, é difícil vender, mas é mais fácil para as empresas nacionais buscarem fornecedores globais. A média mensal de compras é de 146,4 mil toneladas. Mantida assim, até dezembro, o Brasil receberá 1,758 milhão de toneladas.

SEGUNDO SEMESTRE DESAFIADOR

Pelo cenário do Mercosul, a tendência é de que a média do volume de importações de arroz mensais caia nos próximos meses, pois o Paraguai já enviou ao Brasil mais de 70% da sua produção exportável e tem quase 90% vendidos a serem, apenas, embarcados até o final do ano principalmente para as indústrias de São Paulo e Minas Gerais.

O ingresso da grande safra norte-americana, já sendo colhida, deve inundar o mercado das Américas. É fator capaz de pressionar as cotações internacionais no Ocidente. Com preços domésticos altos, Mercosul, em especial o Brasil, terá dificuldade em concorrer, mesmo em mercados tradicionais. Embora a qualidade média das colheitas dos EUA seja inferior ao grão do Conesul, até o final do ano os EUA disporão de um percentual importante de arroz de boa qualidade capaz de competir por nichos exigentes.

A boa safra 2023 dos EUA nos retirou o México, que comprou quase 400 mil toneladas de arroz em casca no ano passado. Os mexicanos se mantiveram compradores de “preço” e se voltaram às ofertas de seu tradicional fornecedor do norte. Quando foi às compras, o Brasil operava em preços recordes, então os mexicanos adquiriram 200 mil t de arroz branco na Tailândia, quase o volume que o Brasil buscou nesta origem em 2024.

FATOR ÍNDIA

Outro fator que poderá descolar ainda mais as cotações internas dos preços globais, é a pressão dos exportadores indianos pelo retorno do país às exportações arroz índica, branco, longo-fino, com 5% de quebrados. Maior exportador global, com 22,5 milhões de toneladas em 2022, a Índia se retirou deste mercado, reduzindo seus embarques. Ao retirar-se, gerou movimento que resultou nas maiores cotações globais nos últimos 15 anos, com repercussão nas Américas.

O arroz beneficiado brasileiro esteve entre os mais caros do mundo entre abril e julho, acima dos R$ 800,00/t. Isso reduziu a demanda pelo nosso arroz e impediu avançar na abertura e consolidação de mercados. O que ameniza o impacto, parcialmente, é o dólar valorizado sobre o Real e a qualidade superior do grão local que vem garantindo alguma vantagem na venda para alguns países, como Costa Rica.

GRANDES PARCEIROS

Até agora, em 2024, o Brasil teve como maiores fornecedores, base casca, o Paraguai com 575 mil toneladas e o Uruguai com 200 mil t. A Tailândia é o terceiro maior fornecedor, com 189,7 mil toneladas de grãos (em base casca). No beneficiado é a segunda, supera o Uruguai. A Argentina aparece em quarto, com 26,6 mil toneladas remetidas até julho. São seguidos por Guiana, Itália e Vietnã.

Com quase 400 mil toneladas, os quebrados predominam nas exportações brasileiras ao Senegal (181 mil t), Gâmbia (89 mil t) e Serra Leoa (71 mil t) liderando. Os principais destinos do beneficiado são Peru (51 mil t), Cuba (34,5 mil t), República Dominicana (22,7 mil t) e EUA (15,8 mil t). Para arroz em casca, lideram Costa Rica (81 mil t), Venezuela (76,9 mil t) e Guatemala (27,4 mil t). O México importou menos de 300 toneladas este ano, ou 0,1% do ano passado.

 

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