Argentinos aceitam parceria nas exportações

O primeiro encontro, de uma série de quatro reuniões entre o setor de produção de arroz do Rio Grande do Sul e do Mercosul, foi marcado pela busca de entendimento entre brasileiros e argentinos. Os uruguaios não apareceram, apesar de confirmarem presença.

O primeiro de quatro encontros marcados entre produtores de arroz do Brasil e do Mercosul para estabelecer negociações que evitem prejuízos ao setor com a concentração de excedentes no mercado brasileiro e superprodução na próxima safra foi marcado pela busca de entendimento entre representantes gaúchos e argentinos. O encontro aconteceu no sábado, na Associação dos Arrozeiros de Uruguaiana, reunindo representantes da Farsul, da Fearroz, da Federarroz e do Irga – pelo lado do Brasil – e da Federação das Entidades Arrozeiras da Argentina (Fedenar), que representa o setor de produção e a indústria.

A Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA) confirmou presença, mas não enviou representante ao encontro. A próxima reunião entre entidades do bloco, para continuar as negociações, será na próxima quinta-feira, em Porto Alegre, paralelamente ao Congresso de Economia Orizícola.

O presidente da Federarroz, Valter José Pötter, explicou que num primeiro momento os brasileiros mostraram o atual quadro de suprimentos do Brasil e as dificuldades que a concentração de excedentes do Mercosul estão trazendo ao mercado. Além disso, apresentaram dados que ratificam a potencialidade do Brasil em reproduzir uma safra cheia em 2004/2005 – sobretudo se houver recuperação das reservas hídricas – e manter-se autosuficiente na produção de arroz a partir deste ano.

– Para nossa surpresa, estas informações surpreenderam os argentinos, que se mostraram muito interessados em buscar, conjuntamente, outros mercados para evitar um achatamento ainda maior nos preços do produto, informou Pötter.

AS DECISÕES DO ENCONTRO BRASIL x ARGENTINA

1. Os argentinos se comprometeram a buscar novos mercados para pelo menos parte das 300 mil toneladas que ainda teriam para exportar, preferencialmente para o Brasil, até a próxima safra.

2. As entidades gaúchas e argentinas acordaram que vão gestionar conjuntamente melhores condições de exportação de arroz para a América Latina. Descobriram, por exemplo, que o Peru – que vai importar mais de 300 mil toneladas de arroz este ano – apresenta uma taxa de 25% para importar arroz do Mercosul. Para os Estados Unidos a alíquota é zero.

3. Outro acordo importante entre os brasileiros e os argentinos será o intercâmbio de agendas de exportação, ou seja, os arrozeiros dos dois países vão trocar informações e um país poderá ajudar o outro na formação de cargas, seja em volume seja em gestão comercial ou outros mecanismos, com a meta de abrir mercados fora do Mercosul.

4. Os setores produtivos reunidos em Uruguaiana (RS) decidiram negociar com os governos federais a paridade de tributos no Mercosul e a redução tributária sobre o arroz pelo seu grande impacto social, seja pelo número de pessoas envolvidas com a cadeia produtiva, seja pela importância do alimento.

5. As entidades arrozeiras do Brasil e da Argentina reunidas no último sábado decidiram trabalhar para manter um piso mínimo de 10 dólares para o saco de 50 quilos do arroz em casca.

6. Argentinos convidaram representantes da orizicultura brasileira para acompanhar uma missão de negócios ao Peru e estarão presentes no Congresso Brasileiro de Economia Orizícola, esta semana, na Expointer e, depois, promoverão um evento no dia 9 de setembro na Argentina para discussão da próxima safra no Mercosul e rumos para a comercialização dos excedentes.

FONTE: Valter José Pötter/Federarroz

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