Atuação do governo é uma boa opção para o produtor, diz Safras & Mercado

Em abril, os preços caem mais 1,7%, atingindo o “fundo do poço” das cotações. A expectativa dos analistas é de uma alta sustentada.

O mercado brasileiro de arroz mantém o viés de baixa para as cotações. Comparando-se a média acumulada de abril (R$ 27,75 por saca de 50 quilos) com a de março (R$ 29,04), o recuo é de 4,54%. Em relação a igual momento do ano passado (R$ 30,00), a queda é de 7,5%. Numa análise de comportamento sazonal, considerando-se a média mensal apresentada entre 1993 e 2007, depois de alçarem os maiores níveis em novembro, o arroz já inicia o ano com preços mais acomodados, recuando 3,66% em janeiro e 3,67% em fevereiro.

A queda mais acentuada ocorre nos dois meses seguintes. Em março, são colhidos 46% dos grãos produzidos e as cotações recuam 8,06%. Em abril, ingressam outros 33% e os preços caem mais 1,7%, atingindo o “fundo do poço” das cotações.

– Ou seja, neste ano a queda está acima da média – lembra o analista de SAFRAS & Mercado, Élcio Bento.

Isto se deve, em parte, ao maior volume colhido em fevereiro em relação a março, devido ao atraso no plantio em muitas regiões, em função de problemas climáticos.

– Por isso, a queda foi menos intensa no terceiro mês do ano, e em abril está mais acentuada – explica.

Além disso, o comportamento cambial pode estar retardando na retomada das cotações. Depois de fechar com uma média de R$ 2,31 por dólar em janeiro, R$ 2,32 em fevereiro e março, neste mês de abril a taxa cambial voltou a operar abaixo de R$ 2,20.

– A colheita nos principais fornecedores de arroz ao Brasil ocorre no mesmo período que a nacional. A apreciação do padrão monetário em relação ao dólar barateia as importações e a paridade de importação acaba influenciando nos preços domésticos – frisa Bento.

De qualquer forma, ainda seguindo o comportamento sazonal dos preços, a partir de maio o cereal inicia uma recuperação gradual das cotações.

– Sendo assim, a tendência é que em maio o viés de baixa dos preços no mercado doméstico perderá força – prevê.

A partir daí, considerando-se o quadro ajustado de oferta e demanda interna e a alta dependência das importações, a firmeza deverá retornar ao mercado.

No primeiro leilão de Contrato Público de Opção de Venda de arroz em casca realizado pela Conab foram negociados 68,71% dos contratos destinados ao Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Foram ofertados 3.704 contratos de 27 toneladas aos produtores, sendo 2.545 negociados. Em toneladas, o volume é de 68,175 mil. Destas, 65,853 mil toneladas foram negociadas com os gaúchos (74,82% do ofertado) e 2,862 com os catarinenses (23,87% do ofertado).

O valor do prêmio de abertura era de R$ 81,94 por contrato ou R$ 0,15 por saca de 50 quilos. O prêmio de fechamento foi igual ao de abertura. Os produtores têm até primeiro de outubro para comprovar a venda do cereal.

– A demanda pelos contratos de opção pode ser considerada boa – destaca o analista. Tanto que já está prevista uma nova operação para o próximo dia 28 (terça-feira). O segundo leilão será nos mesmos moldes do primeiro. Em ambos, o preço de exercício é de R$ 30,35 por saca de 50 quilos para arroz em casca.

Os indicadores fundamentais apontam que, no momento do vencimento, no dia primeiro de outubro, as cotações devem estar acima dos preços de exercício. Se isso ocorrer, a tendência é que o produtor opte por vender no mercado privado. Isso tudo dependerá da liquidez dos negócios no período.

– Mas o contrato de opção de venda é uma oportunidade para o produtor travar um preço, num mercado em que as variáveis exógenas têm cada vez um peso maior sobre a formação das cotações – finaliza.

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