Contra alta nos preços, governo prepara compra de 91 mil toneladas de arroz em abril

 Contra alta nos preços, governo prepara compra de 91 mil toneladas de arroz em abril

(Por O Globo) O governo federal antecipará, de agosto para abril deste ano, a compra de arroz dos produtores por valores até 20% acima do preço mínimo para conter a alta do produto que faz parte da cesta básica do brasileiro. O Brasil consome cerca de 10 milhões de toneladas de arroz por ano. Com isso, será dado o primeiro passo para que os armazéns públicos, hoje esvaziados, possam ser preenchidos com esse cereal, presente em praticamente todos os lares brasileiros. A previsão é que sejam adquiridas cerca de 91 mil toneladas do produto. A medida, porém, ocorre quando os preços de mercado estão retroagindo e ficam abaixo de R$ 80,00 em algumas regiões, o que poderá tornar a proposta um pouco mais atraente em algumas regiões.

A medida do governo tem duas vertentes. De um lado, agrada o agro, ao dar rentabilidade para o rizicultor antes do período previsto inicialmente, de entressafra. Atualmente, a safra recorde de grãos, estimada em mais de 300 milhões de toneladas, está sendo colhida. Isso na versão do governo. De outro lado, poderá garantir o abastecimento no mercado interno mais para a frente e evitar altas significativas de preço, o que seria uma intervenção nas regras do mercado.

O presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Edegar Pretto, explica que a compra de arroz para a formação de estoques reguladores será feita na modalidade Contrato de Opção de Venda. O governo adquire o produto por um valor 20% acima do preço mínimo que estiver em vigor.

Ele  conta com R$ 150 milhões para a aquisição de arroz, valor que não está incluído nos R$ 350 milhões previstos no Orçamento da Conab para a recomposição de estoques. Contando todas as fontes de recursos, a estatal dispõe de quase R$ 500 milhões.

“A estratégia da Conab é aproveitar essa antecipação de agosto para abril, porque vai melhorar a rentabilidade do produtor, não tem risco de o preço subir muito por causa da produção e a empresa vai formando estoque. Quando chegar lá na frente, na entressafra, a Conab já entra vendendo o produto”, disse Pretto.

Ele continuou:

“Temos mais de R$ 150 milhões reservados para o contrato de opção. Se quiserem fechar o contrato conosco, já pagamos, colhemos o arroz e botamos nos nossos armazéns. É uma forma de anteciparmos o nosso estoque de arroz”, completou.

A política de estoques reguladores foi extinta pelo governo do ex-presidente Jair Bolsonaro e sua retomada era uma promessa de campanha para o terceiro mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Com a alta de preços dos alimentos e com poucos armazéns, ficou decidido que era preciso avançar na medida.

Além do arroz, são prioridade para o governo o trigo, o milho e o feijão. O Brasil tem dez estados produtores de trigo, sendo o Rio Grande do Sul o principal. Como o preço do produto estava abaixo do mínimo, a Conab comprou 10 mil toneladas do cereal, que também precisa ser importado para atender à demanda doméstica.

“Depois de onze anos, conseguimos colocar o trigo comprado na unidade da Conab em Ponta Grossa, no Paraná e voltou o estoque de trigo. Estamos olhando com muita atenção para o trigo, que é a farinha, o pão nosso de cada dia.”

Há cerca de 200 mil toneladas de milho nos armazéns da Conab. O produto foi comprado em um momento de baixa do preço e a operação para a Conab foi considerada barata. Com a colheita da safra, Pretto espera uma estabilização nos preços de carnes suína, de frango e ovos, uma vez que o milho é usado como ração de animais. Não há feijão nos armazéns.

Pretto disse que estão sendo tomadas medidas de recuperação dos armazéns, com recursos do BNDES, da Itaipu Binacional e outras fontes. Segundo o presidente da Conab, atualmente a capacidade de armazenamento público e privado no Brasil é de 210 milhões de toneladas, para uma safra de 328 milhões de toneladas.

“O Brasil é o único país do mundo que colhe três safras. Para fazer estoque, é preciso duas coisas básicas: comprar e ter onde guardar.”

Mas a ideia, salientou Pretto, não é fazer grandes volumes de estoques, e sim garantir ao menos “o básico”, como arroz, feijão e milho para os animais. O presidente da Conab assegurou que não há intenção de se fazer uma política intervencionista.

1 Comentário

  • Se os produtores venderem prá Conab podem ter certeza que durante os próximos dois anos não venderemos arroz por mais de 70/80… É óbvio que o Governo Federal está se preparando para intervir com leilões de venda em 2026. Em ano de eleição eles farão de tudo para “dar” comida barata para os eleitores deles! O objetivo é pior ainda… Querem baixar para 50/60 o saco novamente! Fiquem atentos para que a situação volte a normal… Temos até agora uma safra normal, sem nenhuma excepcionalidade… A indústria sabe disso! Ano que vem os CPRs não plantam tendo que liquidar a menos de R$ 80 nesse ano! Por favor não entreguem produto de mão beijada ao governo…

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter