Disputa entre indústria e varejo define preços em setembro

O mercado de arroz beneficiado apresenta-se pouco ativo, com negociações de forma pulverizada, apesar da oferta significativa.

O ritmo das negociações com arroz em casca perde força no Rio Grande do Sul e os preços, até então enfraquecidos em conseqüência do baixo interesse de compra das indústrias e da boa oferta, começam a encontrar sustentação entre R$ 22,50 e R$ 23,50 a saca de 50 quilos.

– A maioria das indústrias limita-se a compras de pequenos lotes e com prazo para pagamento – comenta o analista de SAFRAS & Mercado, Tiago Barata.

A oferta também já não ocorre com tanta intensidade no território gaúcho, evidenciando que os produtores tendem a retrair novamente a disponibilidade do cereal nos próximos dias, aguardando e forçando uma recuperação das cotações.

– Nos demais estados, o mercado se mantém sem movimentação, com os negócios praticamente se restringindo aos leilões de estoques públicos – acrescenta o analista.

O mercado de arroz beneficiado apresenta-se pouco ativo, com negociações de forma pulverizada, apesar da oferta significativa.

– Industrias e redes varejistas travam uma queda de braços com grande distância dos preços de compra e de venda – explica Barata.

Os negócios estão sendo realizados com maior freqüência próximos aos preços de compra, refletindo um enfraquecimento do mercado do fardo.

As importações brasileiras de arroz bateram o recorde de volume no mês de agosto, atingindo 124 mil toneladas (base casca). E o volume não surpreendeu, uma vez que essa demanda crescente de produto importado é uma conseqüência natural de um quadro de oferta e demanda bastante ajustado, com produção insuficiente para abastecer a necessidade doméstica.

Além disso, a importação de arroz passou a ser intensificada, como alternativa de abastecimento, diante de um panorama caracterizado pela forte recuperação dos preços internos, em conseqüência da retração da oferta por parte dos produtores no Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

Outra característica que merece ser destacada no perfil das importações brasileiras de arroz no mês de agosto é com relação às vias de entrada do cereal no país. Logicamente, o Rio Grande do Sul continua sendo a principal porta de entrada de arroz, por fazer fronteira com os dois principais ofertantes do cereal (Argentina e Uruguai).

No entanto, em agosto, foi o recorde também de importação via portos do Norte e Nordeste do país. Neste período, quase 31 mil toneladas ingressaram por Maranhão, Pernambuco, Ceará e Bahia, representando 25% do total importado neste mês. Segundo informações levantadas junto à base de dados do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), a totalidade do arroz que entrou por estes estados em agosto é beneficiada, visando abastecer diretamente as redes atacadistas e varejistas do país.

Entre janeiro e agosto de 2007, ingressaram pelos portos das regiões Norte e Nordeste 107 mil toneladas, um volume 105% maior do que no mesmo período em 2006, quando houve o ingresso de 52 mil toneladas. Em 2007, 45 mil toneladas de arroz importado ingressaram pelo Pernambuco, 40,6 mil pelo Maranhão, 11,6 mil pela Bahia e 10 mil pelo Ceará.

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