DNA do arroz
Com o DNA revelado, o arroz nunca mais será o mesmo.
Arroz resistente ao frio, à seca e a doenças é um sonho que está próximo de se tornar realidade. Em dezembro passado, cientistas de 10 nações concluíram a pesquisa sobre o DNA da planta do arroz. Na prática, o alimento mais consumido do planeta ganhou um mapa do seu seqüen-ciamento genético. Conhecendo o genoma do arroz, se tornaram ilimitadas as vantagens que a planta poderá oferecer a partir de melhoramentos feitos com base nesse estudo. Tolerante aos estresses climáticos e doenças, as lavouras de arroz poderão ser menores e mais produtivas, com menos uso de agrotóxicos e de água.
O Brasil participou dos estudos com o pesquisador Antônio Costa de Oliveira, mestre em genética e melhoramento de plantas, doutor em genética e professor na Universidade Federal de Pelotas-RS (Ufpel). Segundo ele, o arroz do futuro será mais nutritivo, tolerante ao frio e com maior produtividade. “Dependendo do mercado, teremos tipos diferentes. Poderá ser adaptado ao nosso clima, para que possamos exportar para grandes mercados, como a Ásia, por exemplo. As possibilidades de melhorar o arroz tornam-se praticamente ilimitadas a partir dessa descoberta”, comemora Oliveira.
O genoma do arroz foi o primeiro, entre os importantes alimentos da economia mundial, a ser totalmente decodificado. “O estudo serve de base para outras pesquisas, como é o caso do milho, trigo, aveia, cevada e sorgo. O projeto genoma do milho está começando, e precisará dos dados do genoma do arroz, outra gramínea, como referencial”, observa o pesquisador brasileiro. A pesquisa na cadeia de DNA do arroz está sendo feita desde 1997 por um consórcio de 10 países (Brasil, China, Coréia do Sul, Estados Unidos, França, Índia, Japão, Reino Unido, Tailândia e Taiwan).
Fique por dentro
A China comercializará em 2005 variedades de arroz GMs resistentes a doenças e insetos. Segundo o Serviço Internacional para a Aquisição de Aplicações em Agrobiotecnologia, foram aprovadas variedades com os genes de Bt e CpT1. O arroz GM híbrido vem sendo desenvolvido há seis anos e testes de campo apontaram um incremento de 4% a 8% na produção e redução de 80% no uso de pesticidas.
Questão básica
O pesquisador Antônio Costa de Oliveira explica que inicialmente foi extraído o DNA de folhas jovens de plantas de determinada cultivar. A amostra foi partida em pedaços de aproximadamente 100 mil bases. As bases que compõem o DNA são adenina, timina, guanina e citosina. Depois, as diferentes partes do DNA foram inseridas em bactérias (BACs – cromossomos artificiais de bactéria), um processo de clonagem que permitiu mapear a cadeia genética. Os pedaços do DNA foram distribuídos por Japão e EUA aos outros países. Cada pedaço foi fragmentado em clones menores (2.000 a 5.000 bases) e esses decodificados na sua seqüência. Ao todo, cerca de 370 milhões de “letras” do código genético do arroz foram analisadas.