Em nova direção
Ao longo dos seis primeiros meses de 2019, o Brasil acumulou a exportação de 678,6 mil toneladas de arroz em base casca, a compra de 458,78 mil e um saldo positivo de 219,8 mil toneladas. O resultado é expressivo para uma temporada em que a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) projeta a venda de 900 mil toneladas e a compra de 1,3 milhão. De janeiro a maio, o Brasil teve um cenário favorável: terminava de remeter cargas contratadas em 2018, o dólar beirou R$ 4,00, os preços internos estavam baixos, a competitividade era considerada boa e havia demanda internacional.
Isso valeu até maio somente. Em junho, a balança comercial inverteu, o país foi deficitário e houve o menor embarque das últimas temporadas: 26,18 mil toneladas. No mesmo período, o país recebeu 96.833 toneladas base casca. No ano, o melhor mês foi março, com remessa de 158.896 toneladas. Já de março a junho, o Brasil exportou 240,7 mil toneladas de quebrados de arroz, 108,6 mil de grão em casca, 103,3 mil de arroz beneficiado e 214 toneladas de descascado.
No semestre, a Venezuela foi o destino de 25% das cargas brasileiras, o maior cliente, e importou 170,17 mil toneladas, seguida do Senegal (117.448), Serra Leoa (81.112), Peru (77.248) e Gâmbia (56.996). Os países africanos são grandes compradores de quebrados de arroz.
Ao mesmo tempo, as importações foram divididas em 321.784 toneladas do Paraguai, 71.441 da Argentina e 59.024 do Uruguai, além de 3.238 toneladas da Itália e 1.471 do Suriname. O arroz paraguaio representa 70,1% do volume adquirido. Os centros de compra de arroz do Paraguai estão em São Paulo e Minas Gerais, pela proximidade com a zona produtora guarani, e com menor volume no Paraná e estados do Sudeste. Já as compras da Argentina e do Uruguai estão divididas entre o Sul do Brasil (via terrestre e cabotagem) e o Nordeste (via cabotagem).
O grande volume de importação se deve ao preço competitivo dos países vizinhos. Com custos de produção bem menores, em especial no Paraguai, o Brasil vendeu o arroz branco polido a uma média de 515,25 dólares por tonelada em maio de 2019, enquanto os preços de aquisição do mesmo produto de nossos parceiros do Mercosul se mantiveram inferiores. A média de importação de arroz polido paraguaio, por exemplo, colocado em São Paulo foi de 338,61 dólares por tonelada no mesmo mês.
FIQUE DE OLHO
Algumas apostas estão lançadas para que o Brasil tenha melhor desempenho no mercado externo, casos da evolução do Acordo de Livre Comércio com a União Europeia, aproximação com a Aliança Transpacífico, acordo comercial e sanitário com o México e o esforço envolvido na exportação de uma carga de 31 mil toneladas base casca de arroz beneficiado de alto padrão para o Iraque em julho. “Temos qualidade e capacidade logística, e quem compra o nosso produto aprova. Nos falta estabilidade competitiva em termos de preços”, reconhece Elton Doeler, presidente da Associação Brasileira das Indústrias do Arroz. Acessos a mercados, o setor busca construir via governo federal por meio de acordos bilaterais e ajustes na carga tributária, além de investimentos em logística. A promoção do arroz brasileiro no exterior tem trazido bons resultados.