Embrapa investe em arroz para ajudar Roraima

A Embrapa ajudou a fazer uma revolução nos campos de Roraima. Usando a tecnologia da empresa em larga escala, o Estado deixou de ser importador de arroz para assumir a posição de grande exportado.

Desde o início do trabalho da Embrapa em Roraima, em 1980, as pesquisas com arroz foram priorizadas para atender uma demanda da região. Naquela época, já havia cerca de 45 mil hectares de arroz sequeiro plantados no Estado. Existia a comemoração da festa do arroz e um interesse dos rizicultores em aumentar a produção. Anos mais tarde, com o advento do programa Provárzeas, do Governo Federal, aconteceu uma migração de interesse para o arroz irrigado, que possibilita mais estabilidade da lavoura (já que não depende de chuva), mais produtividade e um grão de maior valor comercial.

A Embrapa ajudou a fazer uma revolução nos campos de Roraima. Usando a tecnologia da empresa em larga escala, o Estado deixou de ser importador de arroz para assumir a posição de grande exportador, e desenvolver toda uma cadeia de agronegócios em torno dele. Só nos últimos dez anos, a produtividade cresceu cerca de 45%, passando de 4,5 mil kg/ha para 6,5mil kg/ha. E mais: experimentos desenvolvidos no Estado mostram que o potencial produtivo da região é de até 10 mil kg/ha.

O trabalho de pesquisa da instituição teve início com uma avaliação maciça da introdução de linhagens de outros estados, além de estudos sobre adubação, correção de solo, práticas de cultivo envolvendo densidade, semeadura e espaçamento. A partir do momento em que se identificou as variedades adaptadas e adaptáveis à região, iniciou-se também o trabalho de melhoramento genético. De lá para cá ,mais de 10 cultivares foram recomendadas para região, com resultados extremamente positivos. Sem falar das descobertas de novas variedades.como a BRS Roraima, Jaçanã e Jaburu, específicas para nossos solo e clima.

O pesquisador Antônio Carlos Cordeiro, doutor em genética e melhoramento de plantas, desenvolve há muito tempo experimentos com arroz. Ele explica que o desafio é equilibrar alguns fatores: “Trabalhamos para aumentar a produtividade média e obter um produto de alta qualidade, mas sempre atentos às necessidades de diminuir o custo de produção e preservar o meio ambiente”.

Raposa Serra do Sol

No ano passado, Roraima colheu, numa área de 24 mil hectares, 152,4 mil toneladas de arroz irrigado.

– Desse total, 25% são suficientes para abastecer o mercado local. E o excedente é exportado para outros Estados da região Norte, especialmente para o Amazonas – explica Cordeiro.

Segundo o pesquisador, com a demarcação da reserva indígena Raposa Serra do Sol em área contínua vai haver uma redução da produção de arroz em Roraima, num primeiro momento, já que 60% do produto vinha de lá.

Mas, se o problema não pode ser resolvido de imediato, pode ser amenizado com a inserção do arroz de sequeiro em terras altas.

– Hoje, esse tipo de arroz já apresenta qualidade compatível com a do irrigado e pode ser usado, no lavrado, em sistemas de rotação com a soja. Outras soluções também devem ser estudadas. O certo é que a Embrapa vai continuar sem medir esforços para que Roraima não deixe de ser um grande produtor de arroz – finaliza Cordeiro.

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