Fora do padrão

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Índia: maior exportador mundial tem retração nas suas três safras anuais, mas os estoques globais ainda são altos

Clima gera a maior queda da produção global em 20 anos

 

O clima e a disparada dos custos de produção a partir da pandemia da covid-19 estão fazendo com que o mundo tenha a maior queda na produção de arroz em 20 anos. De acordo com as estimativas da FAO, a produção mundial de arroz em 2022 caiu 2,4% para 772,3 Mt (512,8 Mt base beneficiado), contra 791,6 Mt em 2021. A diferença são 19,3 milhões de toneladas, o que equivale a praticamente toda a produção da América do Sul.

Esse é o maior declínio desde 2002 e se deve às condições climáticas na Ásia, em particular na Índia, onde a cultura deve cair em 4,5%. Na China, tem-se projeção de diminuição de 1,3%.

Em contraste, diz o relatório de mercados InterArroz, do economista Patrício Méndez del Villar, do Cirad, as safras na Tailândia e no Vietnã aumentaram em 1%. Nos Estados Unidos, a produção caiu 14%, como resultado de uma nova redução nas áreas arrozeiras, com maior ênfase nos grãos curtos e médios. No Mercosul, a produção reduziu 8%, voltando ao nível de 2020.
Na África subsaariana, a safra foi de novo perturbada por falta de insumos e inundações. Entretanto, a produção em 2022/23 pode melhorar, em especial na África Ocidental. Em 2023, as perspectivas de produção mundial indicam um declínio de 2,4%. A redução afetaria os principais países produtores na Ásia, assim como no hemisfério ocidental e na União Europeia.

Comércio e estoques mundiais

Cedo para ser estimada, safra de 2023 ainda é uma incógnita

Em 2022, o comércio mundial cresceu em 5,6% para 54,5 Mt. A estimativa foi revista após o relaxamento das restrições à exportação na Índia. Entretanto, os efeitos da menor produção em 2022 deverão ser sentidos nas transações de 2023, caindo em 2,9% para 52,9 Mt, segundo estimativas globais. Na Ásia, a demanda de importação permanece estável, enquanto na África Subsaariana aumentou 6% em 2022, em particular pela retomada das compras da Nigéria e Costa do Marfim. A necessidade de importação deverá aumentar nas Américas e União Europeia.

Entre os exportadores, as vendas indianas poderiam atingir 21 Mt, com diminuição de 2% em comparação ao volume recorde de 2021. A Índia manteria a liderança com quase 40% das exportações mundiais. Algumas fontes, porém, consideram que o volume, após a suspensão das vendas de quebrados e taxação de outros tipos de arroz, não deve superar 17 Mt. A Tailândia recupera o segundo lugar no ranking mundial, à frente do Vietnã, graças à forte presença no mercado externo em 2022. Mas reduziu em 500 mil t a expectativa de negócios para 2023.

As reservas mundiais, ao fim de 2022, aumentaram 1,7% para 197,1 Mt, contra 193,8 Mt (beneficiado) em 2021. Representam 38% do consumo anual e permanecem acima da média dos últimos cinco anos. A queda de 2% nos estoques chineses é compensada com 16% de aumento nos indianos.

As existências chinesas, porém, permanecem abundantes, equivalentes a 65% do consumo doméstico e 50% dos estoques mundiais. Nos grandes países exportadores, as reservas cresceram 15%, para 63 Mt, ou 32% dos estoques mundiais. Em 2023, espera-se uma redução de 1,6% devido à queda anunciada da produção em 2022/23.

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