Fornecedores denunciam rapel em supermercados
Situação é velha conhecida do setor de arroz.
A Associação Paranaense dos Fornecedores de Supermercados (Assosuper) denunciou a prática de rapel por parte das grandes redes de supermercados. O diretor executivo da associação e consultor de varejo, Moacir Moura, disse que os supermercados cobram uma taxa de 6% a 16% dependendo do produto. Segundo ele, as grandes redes varejistas cobram estes percentuais a título de taxa de logística e para que os produtos tenham espaço nas gôndolas. De acordo com ele, muitas vezes, o fornecedor acaba sendo obrigado a embutir estas taxas no preço, o que torna mais caro para o consumidor final. Moura disse que, com isso, o produto tem menos giro e o supermercado corta o item.
Ele informou que para produtos da cesta básica a taxa é de 6% a 7%, para perecíveis fica entre 10% e 12% e para itens não alimentícios é de 16%. O assunto foi debatido ontem no 8º Balcão de Negócios Regionais em Curitiba. Segundo Moura, este tipo de prática vem ocorrendo desde 2000, no entanto, agora, as negociações estão mais apertadas, e os supermercados querem percentuais maiores a cada ano. Ele disse que os supermercados têm solicitado pagamento por parte dos fornecedores até para ajudar na abertura de lojas novas.
Há situações em alguns produtos que este custo é maior que a soma de todos os impostos, segundo ele. De acordo com o diretor-executivo da Assosuper, as redes de supermercados regionais também cobram taxas mas os valores são cerca de 60% menores que os cobrados pelas grandes redes. Antes de 2000, se o fornecedor dava um desconto para o supermercado o varejista transferia para o consumidor. Hoje, este desconto fica como margem de lucro para o supermercado.
Moura disse que os reflexos desta prática de rapel para o consumidor são aumento de preços e falta de produtos nas lojas. Ele revelou ainda que os supermercados exigem um contrato de fornecimento anual que não define quantidades mínimas mas só o valor que os consumidores vão pagar. A Associação Paranaense de Supermercados (Apras) informou, através de nota, que desconhece a prática de cobrança dos supermercados às indústrias para a colocação de produtos.
Durante o Balcão de Negócios, a Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep) e a Assosuper divulgaram que pretendem aumentar a participação de fornecedores paranaenses em supermercados regionais em 2008. De acordo com a associação, a expectativa é de um crescimento na venda de produtos regionais de 7% a 10% no próximo ano. Hoje, os produtos paranaenses representam 20% dos itens comercializados em supermercados regionais.