Leve tropeço
Produção mundial pode cair pela primeira vez desde 2009, reduzindo
a oferta de arroz.
O clima e algumas dificuldades econômicas em grande parte dos países produtores devem gerar uma ligeira queda na produção de arroz global em 2015. Esta será a primeira retração da safra mundial desde 2009, e poderá alcançar 0,4%, segundo a Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO). O foco da queda está na Ásia, continente que abriga 90% da produção e do consumo de arroz no planeta. A mudança é quase imperceptível e não afetará significativamente os estoques e a posição do mercado mundial uma vez que as disponibilidades internacionais estão em um patamar bastante alto desde 2009.
Algumas das principais regiões produtoras asiáticas estão sendo afetadas por secas geradas pelo fenômeno climático El Niño. Vale lembrar que os meses finais do ano também trazem a época de furacões na Ásia, caso do furacão Koppu, que levou chuvas torrenciais às Filipinas, gerando severos prejuízos a áreas arrozeiras. Em função dos altos estoques e da própria oferta acima do esperado da Tailândia e da Índia, principalmente, os países do continente não estão expandindo as lavouras. No resto do mundo, a FAO projeta que as colheitas deverão manter-se relativamente estáveis, embora o fenômeno El Niño já faça estragos no Mercosul, por excesso de chuvas, e na Austrália, por seca.
A FAO indica que a produção mundial em 2014 manteve-se estável, com 742 milhões de toneladas de arroz em casca, o que equivale a 495 milhões de toneladas de produto beneficiado. O atraso nas chuvas no sul da Ásia e as pequenas quantidades afetaram as safras, enquanto houve recuperação nos Estados Unidos e pequena queda no Mercosul. “Na África Subsaariana, a produção pouco avançou pela estagnação da produtividade e pelo crescimento lento das áreas cultivadas”, segundo o relatório global.
ESTOQUES
Com o consumo registrando apenas aumento vegetativo em algumas regiões internacionais, a expectativa em 2015 é um decréscimo global de 1 milhão de toneladas em base casca pela primeira vez nos últimos 10 anos. Os estoques globais podem cair para 170 milhões de toneladas por causa da estagnação da produção mundial, segundo avaliação da FAO e analistas internacionais. Pode piorar: com o fenômeno El Niño intervindo no comportamento produtivo das lavouras em todo o planeta, em 2016 as projeções apontam para uma maior redução das disponibilidades universais em 3,4%, para 164 milhões de toneladas.