Maior e mais forte

FAO prevê forte recuperação de 7% no comércio mundial

As primeiras projeções internacionais para o mercado do arroz em 2021 indicam uma recuperação significativa no comércio mundial, de 7%, para 47,7 milhões de toneladas, o que é 3 milhões de toneladas a mais do que em 2020. Espera-se um aumento significativo na demanda de importação de países africanos, em particular Nigéria, Costa Marfim e Senegal. A entrada de Bangladesh, quarto maior produtor global, como demandante, e as compras de quebrados na Índia, pela China, são outros sinalizadores de um movimento mais intenso no cenário global.

Essa recuperação beneficiará a todos os exportadores mundiais, com exceção do Mercosul e dos Estados Unidos, num primeiro momento, onde os preços de exportação continuam elevados neste início de ano, segundo o economista Patrício Méndez del Villar, do Centro de Cooperação Internacional em Pesquisa Agronômica para o Desenvolvimento (Cirad), da França. Ele se baseia em levantamentos da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO) e do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), além de informações dos mercados locais.

De acordo com Villar, em 2020, o comércio mundial teve leve aumento de 1%, para 44,7 milhões de toneladas de grãos beneficiados, segundo estimativa da FAO (Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação), em que pese a forte movimentação no Brasil e no Mercosul. Ainda assim, nada perto dos números alcançados em 2017 e 2018. Em 2019, o comércio mundial caiu 9% para 44,2 Mt contra 48,5 Mt em 2018. A avaliação é de que os principais importadores asiáticos reduziram suas demandas de importação, exceto nas Filipinas, por causa de melhores safras e gerenciamento de estoques.

As importações africanas também teriam caído, apontando para 16,7 Mt contra 16,9 Mt em 2018.
Esse aumento de 2020 beneficiará principalmente a Índia, maior exportador mundial, apontando para uma forte recuperação das vendas externas graças a preços extremamente competitivos. Os indianos alcançaram o recorde de embarques de 14,5 milhões de toneladas, depois de várias temporadas exportando entre 9 e 11 milhões de toneladas. Isso também gerou problemas de logística por falta de contêineres e até de mão de obra por causa da pandemia. Até algumas compras brasileiras atrasaram por isso e ficaram de fora da isenção da Tarifa Externa Comum (TEC) de 12%.

Em contraste, as exportações tailandesas teriam despencado 25%, apresentando o nível mais baixo em vinte anos. O fortalecimento da moeda local, o baht, e a quebra na safra intermediária, afetou os preços internos, a competitividade e a dimensão de oferta tailandesa. O Vietnã termina o ano melhor do que o esperado com uma redução de suas vendas externas de apenas 4%, tornando-se o segundo maior exportador do mundo, superando a Tailândia pela primeira vez, pois conseguiu ser mais competitivo, apesar de acumular algumas perdas produtivas. O câmbio mais favorável e a forte demanda foram fundamentais.

Reservas são altas
Os estoques globais de arroz no final de 2019 aumentaram 5% para 185,1 Mt contra 176,4 Mt em 2018, atingindo um recorde histórico, segundo dados da FAO. Em contraste, as estimativas para 2020 indicam uma redução de 1,8% para 181,8 Mt. Esses estoques representam 36% das necessidades mundiais.

A contração será vista sobretudo na China, cujas reservas no entanto, permanecem relativamente altas, equivalente a 70% de seu consumo anual. Por outro lado, os estoques dos países exportadores devem aumentar novamente em 2020/2021 para 46 Mt, o equivalente a 30% dos estoques mundiais. Em contrapartida, estima-se que as reservas nos países importadores possam apresentar redução, principalmente nos países africanos. China e Índia representam quase 138 milhões de toneladas de arroz estocadas, ou 76% das disponibilidades mundiais.

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