Manejo é o MELHOR REMÉDIO
Práticas corretas protegem a lavoura contra as doenças
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O Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga) vem desenvolvendo trabalhos de pesquisa para quantificar os níveis de danos causados pelas diversas doenças nas lavouras orizícolas gaúchas e as alternativas de controle. O estudo, realizado por pesquisadores da Estação Experimental do Arroz (EEA/Irga) de Cachoeirinha (RS), deverá ser concluído somente na próxima safra, mas os dados provisórios já permitem destacar a importância do manejo integrado como forma de proteger a cultura contra a ação de agentes patogênicos.
Esse cuidado envolve uma série de práticas, pois a incidência de doenças pode ser alterada ou interferida em função da cultivar, sanidade das sementes, adubação, manejo da água e densidade de semeadura. A época do plantio, destaca o pesquisador Héctor Ramirez, é um dos fatores mais importantes no Rio Grande do Sul por estar diretamente relacionada às condições de temperatura, umidade relativa do ar e radiação solar que irão ocorrer no período reprodutivo da planta – uma fase crítica para a ocorrência da maior parte das moléstias.
Como exemplo, ele cita a alta incidência de cárie ou falso carvãopreto do grão (Tilletia barclayana) verificada nesta última safra, principalmente na fronteira-oeste do estado. De maneira geral, Ramirez explica que isso está associado às condições climáticas e ambientais favoráveis, com a ocorrência de altas temperaturas, elevada adubação nitrogenada aliada à alta densidade de semeadura e a suscetibilidade da cultivar. “Até o momento, essa doença era considerada secundária, sem importância econômica”, salienta.
Saiba mais
A cultura do arroz irrigado pode ser atacada por um grande número de doenças, porém, a predominância de um patógeno e as perdas provocadas variam conforme o agente, as condições ambientais (clima, solo e manejo agronômico) e a suscetibilidade da cultivar.
DOENÇAS
As doenças mais importantes da cultura do arroz, ocorridas nos últimos anos no Rio Grande do Sul, além da brusone (Pyricularia oryzae), são: manchaparda (Drechslera oryzae), escaldadura (Rhynchosporium oryzae), mancha-dasbainhas (Rhizoctonia oryzae), queima-das-bainhas (Rhizoctonia solani) e manchadas- glumas (causada por vários fungos e bactérias), entre outras. Em 2001, também foi diagnosticada a presença do vírus conhecido como RSNV, causador do “enrolamento do arroz” na depressão central, principalmente em Agudo e Dona Francisca.
MANEJO
Densidade de semeadura
A população de plantas é determinante para a obtenção de altos rendimentos. Em excesso propicia ambiente favorável ao ataque dos fungos e interfere negativamente na produtividade. O número adequado fica entre 180 e 200 plântulas por metro quadrado, distribuídas uniformemente.
Cultivar
A primeira medida que deve ser tomada no manejo de doenças é o uso de cultivares mais tolerantes, por ser o método mais saudável, eficiente e econômico. Nesse aspecto, existe interessante variabilidade de resposta a diversas doenças com as variedades utilizadas no estado atualmente. Por isso, o uso de sementes sadias é muito importante, porque semente infectada com fungos, além de prejudicar a germinação, poderá servir como fonte inicial de inóculo que irá infectar posteriormente as plantas.
Época de semeadura
No Rio Grande do Sul, o nível de dano provocado pelas doenças em arroz irrigado em função da época de semeadura é significativo, principalmente nas cultivares mais suscetíveis à brusone. O rendimento de grãos diminui drasticamente nas semeaduras realizadas após a segunda semana de novembro, pois as lavouras estabelecidas mais tarde coincidem sua fase reprodutiva com o período de diminuição da radiação solar e temperatura, e há maior incidência das doenças – que são favorecidas pelas maiores oscilações de temperatura, maior período de orvalho e maior disponibilidade de inóculo no campo. A incidência de brusone se acentua notoriamente a partir dessa data. Por essa razão, deve-se semear o arroz na época recomendada, e isso não tem custo. O único esforço é o preparo antecipado do solo.
Manejo da água de irrigação
A irrigação é fundamental para altos rendimentos por adequar o solo a disponibilizar nutrientes para as plantas, melhorar a eficiência de controle de daninhas e tornar o ambiente menos favorável aos fungos. Atraso na irrigação interfere negativamente na produtividade. Os maiores rendimentos ocorrem se a irrigação é iniciada com a planta apresentando três a quatro folhas – sem interrupção até a drenagem para colher. Irrigação iniciada aos 30 dias de emergência ou após, falta de água em áreas da lavoura (coroa) ou irrigação intermitente favorecem o aparecimento de focos de brusone. Nessas condições, os efeitos dos fungicidas são menores e a resistência das cultivares é quebrada mais facilmente.
Adubação
Para altos rendimentos é necessário uma adubação equilibrada, de acordo com a necessidade da planta. Um dos nutrientes de maior demanda é o nitrogênio, que precisa de cautela no manejo de aplicação em função da disponibilidade natural no solo, suscetibilidade da cultivar, clima e outras práticas associadas, como época e densidade de semeadura e início e manejo da irrigação.
Controle químico
A aplicação de fungicidas deve ser uma estratégia complementar ao controle proporcionado pelas medidas preventivas. Quanto mais falhas na condução da lavoura, mais severa será a incidência de doenças e difícil o seu controle. A aplicação dos fungicidas deve ser analisada desde o ponto de vista econômico, planejado o produto a ser usado, a dose e momento da aplicação em função da situação própria da lavoura, considerando os fatores que poderão favorecer o ataque das doenças. A escolha dos produtos em função da doença predominante é fundamental para o sucesso do procedimento. A aplicação deve ser preventiva – bem no início ou antes da emissão das panículas, e se a condição for muito favorável ao fungo, deve ser repetida em 12 a 15 dias.