Novo cenário

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Colheita no MT: produção maior, mas complementada por arroz no Sul

Mesmo aumentando a produção, o Mato Grosso perde de vez sua condição de terceiro maior produtor para o Maranhão, passando a ocupar o quarto lugar
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Contrariando as previsões iniciais divulgadas pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), que apontavam uma queda de 15% na produção de arroz do Mato Grosso (MT), a atual estimativa é de que a safra 2012/13 se mantenha no mesmo patamar de 2011/12 ou até venha registrar um leve incremento em relação ao período anterior (algo em torno de 1,5%). De acordo com o quarto levantamento da safra de grãos, divulgado em janeiro deste ano pela Conab, o volume do cereal a ser colhido no estado poderá chegar a 468,4 mil toneladas.

Segundo o relatório, este ligeiro aumento produtivo está relacionado ao fato dos preços no Mato Grosso terem alcançado até R$ 62,00 por saca de 60 quilos no segundo semestre, chegando a competir com a valorização da soja e do milho. A Conab estima que a área plantada vá aumentar em 5,4%, passando de 143,4 mil hectares para 151,1 mil hectares. A produtividade, porém, sofrerá uma redução de 3,6%, baixando de 3.217 para 3.100 quilos por hectare, por conta da redução dos investimentos em tecnologia.

Este desempenho, somado ao incremento de área e produção registrado no Maranhão (MA) – que de acordo com o segmento investiu mais em tecnologias e ampliação das áreas irrigadas -, estabelece uma nova configuração no ranking nacional dos maiores estados produtores, onde o MT passa agora a ocupar o quarto lugar.

O presidente do Sindicato das Indústrias de Arroz do Mato Grosso (Sindarroz), Ivo Fernandes Mendonça, é cauteloso a respeito de qualquer estimativa. “A safra vai depender do clima, que é um fator determinante. Se ele contribuir podemos até ultrapassar o volume previsto pela Conab. Mas acredito que o MT não voltará a ser um grande produtor de arroz, até porque não dispomos de áreas novas”, pondera.

Para Mendonça, mesmo que as previsões da Conab se confirmem o estado não corre o risco de ficar desabastecido. “A produção será suficiente para o consumo interno, mas se necessário voltaremos a comprar arroz do RS, a exemplo do que ocorreu em 2012. Mas isso só acontecerá lá pelo final do ano”, estima o dirigente.

ROTAÇÃO
Na avaliação do coordenador da área de desenvolvimento de mercado da AgroNorte Pesquisas e Sementes, Leandro Biazzi, um dos indicativos de que a safra será igual ou possivelmente maior que a anterior é a venda de sementes, que aumentou 15%. “Comercializamos tudo em 40 dias, com destaque para a variedade AN Cambará, que é líder com 85% das vendas”, observa.

Biazzi explica que o cultivo de arroz permanece como uma excelente opção para a rotação com a soja e uma alternativa para áreas de pasto degradadas. “A cultura é boa para ajudar a melhorar a qualidade do solo e quebrar o ciclo de pragas e doenças decorrentes da monocultura da soja. O produtor pode plantar arroz em um ano e entrar com a soja no ano seguinte”, ressalta. “Percebemos que hoje os produtores estão mais conscientes. Muitos estão usando o arroz para fazer a rotação de cultura”, acrescenta.

Conforme o diretor da AgroNorte, Ângelo Maronezzi, a grande novidade da empresa em termos de semente desenvolvida especialmente para áreas velhas ou degradadas é a variedade ANa 8001. “Esta cultivar tem ciclo de 111 dias e potencial genético para atingir oito toneladas por hectare. A ANa 8001 já foi plantada nesta safra, em pequenas áreas e em várias fazendas, para que a empresa possa confirmar em campo as características mostradas de forma superior em nível de pesquisa”. Segundo ele, a semente deste material será comercializada para a safra 2013/14 e em maior volume na safra 2014/15.

ASCENSÃO E QUEDA
Na safra 2011/12 a produção de arroz no MT fechou em 461,3 mil toneladas, volume 39,3% menor se comparado a 2010/11, quando foram colhidas 795,9 mil toneladas. No passado a produção no estado já foi bastante expressiva. Em meados de 1970 a cultura era a opção mais utilizada após a abertura de novas áreas agricultáveis. Na década de 1990 a produção ganhou impulso. Na temporada 97/98 o volume produzido no estado passou de 690,9 mil toneladas para pouco mais de um milhão de toneladas, ficando acima desse patamar por mais sete anos.

Mas foi na safra 2004/05 que a produção atingiu seu melhor resultado, chegando a mais de dois milhões de toneladas. O MT passou então a ser o segundo maior produtor do país, ficando atrás somente do Rio Grande do Sul. No entanto, na temporada seguinte a cultura sofreu uma acentuada queda produtiva, alcançando 738,8 mil toneladas. Entre os fatores que influenciaram este quadro estão a inserção de novas culturas muito mais rentáveis como a soja, o milho e o algodão.

Atualmente a safra de soja já representa 58,5% do total da produção de grãos no estado, segundo a Conab. O volume da oleaginosa produzido no MT para a safra 2012/13 está estimado em 24,011 milhões de toneladas de um total de 40,989 milhões, incluindo outras culturas como milho, algodão e arroz. Na comparação com o ano passado a produção estadual de grãos tem um leve incremento, de 1,6%, ante as 40,353 milhões de toneladas colhidas. Já os números da soja estão 9,9% maiores em relação às 21,849 milhões de toneladas da safra 2011/12.

A maior parcela das lavouras de arroz no estado está concentrada na região sob o eixo de influência da BR 163 e no Vale do Araguaia. Além de atender o consumo interno, que atualmente oscila entre 250 mil e 300 mil toneladas, parte da produção é vendida para Rondônia, Acre e a Região Nordeste.

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