O arroz perde área e os cultivos melhoram seu estado
Produtores estão jogados ao clima e precisam otimizar o manejo.
O cultivo de arroz no Uruguai perdeu 10 mil hectares entre a safra 2013/14 e a temporada 2014/15, sendo fixada em uma área total de 160 mil hectares cultivados, quando no ciclo anterior alcançou 170 mil hectares para um rendimento médio de 8.064 quilos/hectare.
Uma boa floração da lavoura dependerá das condições do tempo.
Nenhuma lavoura foi abandonada, mas muitas superfícies que estavam preparadas foram arrasadas pelas inundações e acabaram deixando de ser plantadas por falta de tempo hábil e condições climáticas. “Depois de um começo de cultivo complicado, agora em janeiro as lavouras estão muito boas”, assegurou o vice-presidente da Associação de Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA), Hernan Zorrilla.
Segundo ele, ocorre que o arroz é uma cultura que responde rapidamente às medidas de manejo que recebe. A irrigação e a aplicação de nitrogênio em cobertura favoreceram o seu desenvolvimento. “Nota-se, já a partir da metade da temporada, uma situação muito melhor do que tínhamos em dezembro”, disse Zorrilla.
Se por um lado as chuvas excessivas complicaram a vida dos produtores, por outro também lhes favoreceram: quando eles começaram a irrigar as lavouras – o arroz é o único cultivo agrícola feito por irrigação – a operação se fez muito rápida. Em alguns casos, foram as chuvas responsáveis por inundá-las. “Agora, ademais dos avanços, o ciclo da cultura se mantém atrasado porque boa parte do cereal foi plantada depois das datas ideais – entre meados de outubro e de novembro”.
De acordo com o vice-presidente da ACA, a partir de agora “se dependerá bastante do clima e do manejo que for utilizado na cultura”. Janeiro e fevereiro serão fundamentais para o cultivo, quando se precisará de boa luminosidade e calor, porque será o ponto crítico de florescimento das lavouras. Uma má floração compromete os rendimentos, por isso é necessário um verão longo, quente e ensolarado.
ESTIMATIVAS
De acordo com uma análise feita pela Secretaria de Planejamento e Política Agrícola (Opypa, na sigla em espanhol) nos últimos 10 anos, o custo de produção uruguaio cresceu 7% ao ano (sempre medido em dólares) enquanto que no mesmo período o preço do cereal subiu a uma taxa média anual de 4%. De acordo com a Opypa, nesta safra os custos estão subindo 3% quando comparados com o ano-safra anterior, mas estima-se que os produtores recebam preços semelhantes aos de 2013/14.
Nos últimos quatro anos, o que mais aumentou dentro do componente custos foi a mão de obra. Com base nas informações dos conselhos de salários, subiram 60% em dólares e 52% em pesos. Ainda de acordo com a análise da Opypa, no mesmo período, o preço do combustível (diesel) subiu 12% em dólares e 10% em pesos enquanto a eletricidade apresentou um aumento de cerca de 25% em dólares e 20% em pesos uruguaios.
Molinos
O relatório da Secretaria de Planejamento e Política Agrícola também observou que a participação de diferentes moinhos nos últimos anos não apresentou grandes mudanças apesar de aparecerem novos atores no setor industrial. Porém, o que é mais importante, apesar de o setor do arroz estar passando por uma situação que é considerada relativamente complexa, é que nos últimos dois anos – sob o marco da Lei de Investimentos – a indústria apresentou projetos de modernização que totalizam um montante aproximado de US$ 70 milhões.
Estes investimentos estão focados na melhoria da eficiência industrial e aumento da capacidade de armazenamento. Por outro lado, no que diz respeito ao financiamento e endividamento do setor do arroz, de acordo com dados do Banco Central do Uruguai, houve um decréscimo de 24% sobre ao ano anterior. Parte da queda seria reflexo do cancelamento de dívidas dos produtores com os moinhos de arroz promovido a partir do Fundo Arrozeiro III. Esta ferramenta beneficiou 587 produtores, que receberam US$ 24,526 por tonelada de arroz em casca. Deste total, 17% foi para pagar dívidas.
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Brasil Dependência
O perfil das vendas de arroz do Uruguai está mostrando mudanças nos últimos anos. De acordo com um trabalho técnico da Secretaria de Planejamento e Política Agrícola (Opypa), na safra 2003/04 58% das exportações uruguaias foram destinadas ao Brasil. Mas na última safra este país somente representou 14% das vendas totais.
Ao mesmo tempo, até agosto de 2014, o Iraque foi responsável por 45% de todo o arroz exportado pelas indústrias uruguaias. Além disso, o Peru representou 14,5% do arroz exportado, mas com o diferencial de ser o mercado que tem o maior valor pago pelo cereal beneficiado, seguido pelo Iraque. O preço do arroz branco exportado até o momento da colheita de 2014 apresentava grandes variações, mas, em geral, valores acima dos preços de exportação dos Estados Unidos, destacou o trabalho técnico da Opypa. Nos meses finais de 2014 os Estados Unidos foram um grande concorrente da indústria uruguaia nas licitações de arroz do Iraque.