Pão, carne, açúcar, arroz.. tudo está mais caro com a alta do petróleo

A alta do preço do petróleo, que na semana passada bateu um novo recorde de US$ 90 o barril, acelera o desenvolvimento dos biocombustíveis de substituição (alternativos) feitos à base de milho ou trigo, segundo analistas.

A disparada das cotações do petróleo não dói apenas no bolso dos motoristas; também pressiona os preços dos cereais e, portanto, dos alimentos mais consumidos no mundo, como pão, milho, arroz e massa, e também por conseqüência o açúcar, a carne, o leite, os ovos e a manteiga.

A alta do preço do petróleo, que na semana passada bateu um novo recorde de US$ 90 o barril, acelera o desenvolvimento dos biocombustíveis de substituição (alternativos) feitos à base de milho ou trigo, segundo analistas.

O etanol ou o biodiesel estão abrindo oportunidades crescentes de grandes cultivos. Daí a alta generalizada dos preços das produções vegetais e animais recentemente, conforme destacou a FAO, a agência das Nações Unidas encarregada das questões agrícolas e alimentares.

De US$ 152 em média a tonelada até 2006, o trigo vale agora US$ 204 a tonelada, uma alta de mais de 25%, e vai aumentar ainda mais na safra 2007/2008, segundo a FAO e a OCDE, o clube dos países mais ricos do planeta.

O milho subiu 26%, passando de US$ 103,6 a tonelada entre 2001-2006 a US$ 140,4 a tonelada em 2006/2007, e deve chegar a US$ 158,9 este ano. No México, onde este cereal constitui a base da alimentação, o preço dos biscoitos subiu 60%.

Esta progressão significativa atinge também os óleos vegetais (+11%), o açúcar (+14%) e o arroz (+23%).

Ela favorece a alta dos preços de todos os alimentos de base e inclusive o leite e a carne, e os cereais utilizados para alimentar o gado.

Na China, o preço do porco em pé aumentou 20% em um ano, enquanto o do boi cresceu 6%, segundo a FAO.

Nos Estados Unidos, os preços do atacado do frango será este ano em média 10% mais alto do que em 2006, segundo o ministério da agricultura. A dúzia de ovo custará 21% mais caro e o leite, 14% mais caro.

Os preços da manteiga, do queijo, do leite e da carne vão também aumentar pelo menos 15% em 2008, destacou a FAO.

– Atingimos níveis inéditos. O que é certo é que vamos ainda mais longe, mas não sabemos até onde – afirmou Joe Victor, analista da Allendale. Os consumidores “devem esperar preços altos do pão, das massas, da carne, dos grãos, cereais no ano que vem”, destacou.

O fenômeno pode continuar em razão da utilização ainda maior em 2007/2008 dos cereais, do açúcar, dos grãos de oleaginosas e óleos vegetais para a produção de biocombustíveis.

Em 2006, somente 16% da safra americana de cereais foram usados na produção de etanol, mas este ano a quantidade aumentará para um terço, destacou US Agri.

– Os preços da maioria dos cereais vão continuar aumentando em razão da demanda da indústria de alimentos e da indústria de energia – antecipou Bill Nelson, analista da A.G Edwards.

A produção anual do etanol americano com milho deve dobrar entre 2006 e 2016, enquanto que na União Européia (UE), os volumes de oleaginosas (principalmente a canola) destinados à produção de biodisel devem passar de pouco mais de 10 milhões de toneladas a 21 milhões de toneladas no mesmo período, segundo o Instituto francês do petróleo (IFP).

Nos cinco últimos anos, o crescimento mundial da produção de biocombustíveis foi da ordem de 15% ao ano, segundo o IFP.

Os preços dos cereais continuam sustentados por fatores conjunturais como a fragilidade do dólar ou a seca, que comprometeu a colheita de países como a Austrália e o Brasil.

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