Perdas e danos

 Perdas e danos

Safra no Mercosul cai afetada pelo clima e fatores econômicos

 

A safra de arroz 2021/22 foi 6,5% menor no Mercosul, unindo fatores climáticos e econômicos – como a forte elevação dos custos – na contraposição aos investimentos e objetivos da cadeia produtiva. A diferença chegou a 1,015 milhão de toneladas a menos e uma redução de 26 mil hectares na área semeada. Não foi maior, porque Argentina e Uruguai aumentaram as superfícies, enquanto Brasil e Paraguai reduziram. No cálculo, porém, não estão computadas as perdas pela seca, que somaram 69 mil hectares entre Argentina, Brasil e Paraguai.

Os quatro parceiros comerciais do ConeSul produziram 14.477,3 milhões de toneladas na temporada que se encerra, contra 15.491,9 milhões no ciclo 2020/21. Compilando as estatísticas das instituições locais e governos, fica clara a redução de -1,2% em superfície plantada, de 2.169.700 hectares para 2.143.700 hectares.

Não fossem a alta tecnologia de manejo empregada nas lavouras da região e a capacidade genética embarcada nas sementes, as perdas poderiam ser ainda mais graves. Em contrapartida, se o clima ajudasse, a produção regional poderia ter se aproximado de 16 milhões de toneladas, o que traria uma conjuntura ainda mais crítica para a comercialização, que se faz difícil pelas características atuais do mercado internacional e das economias locais.

PRÓXIMA SAFRA
Para a próxima temporada, a primeira projeção da AgroDados Inteligência em Mercados de Arroz, com base em entrevistas com representantes dos segmentos e consultorias agronômicas privadas, é de um recuo adicional de 2,5% em produção, para 14,114, e de 5,2% em área, para 2,033 milhões de hectares. Seriam 110,7 mil hectares a menos, mas com a estimativa de melhores produtividades, o recuo ficaria em 363,3 mil toneladas em seu limite mínimo. O limite superior da previsão, no entanto, chega a indicar uma diminuição de 786,4 mil toneladas sobre a temporada 2021/22, levando em conta um clima mais adverso e totalizando, portanto, 13.690,9 milhões de t.

Fique de olho

A projeção está baseada em uma La Niña perdendo força, com retomada das chuvas a partir de dezembro, reposição dos mananciais próximo ao normal e com recuperação nos índices de produtividade, embora registre perdas muito pontuais, como é normal deste fenômeno”. Outras três estimativas serão feitas até novembro pela AgroDados.

Argentina

A mais recente atualização indicou a produção de 1.250.900 toneladas de arroz em 200 mil hectares na Argentina, não computadas as perdas que, na Província de Corrientes, podem ultrapassar 30 mil hectares. Estima-se colheita em 177 mil ha.

A crise econômica e uma política de retenções afeta o setor. A falta de combustíveis interfere nos embarques. A Argentina deverá exportar 575 mil toneladas, base casca, e consumir 695 mil, sementes inclusas.

De março a junho, teriam sido embarcadas 260 mil t. Destas, 42,8 mil para o Brasil. Na próxima temporada, deverá reduzir a área para 185 mil hectares. Alta dos custos, dificuldades de acesso a insumos e efeitos das secas nos últimos anos têm colocado os produtores em alerta.

Paraguai

O Paraguai sofreu com as piores secas dos últimos 50 anos, o que obrigou a migração de algumas lavouras da bacia do Rio Tebicuary ao Rio Paraguay. A Confederação de Indústrias Arrozeiras do Mercosul (Conmasur) estimou a colheita de 912 mil toneladas em 160 mil hectares na safra 2021/22. A Associação Paraguaia de Produtores de Arroz (Appa) avaliou que 185 mil hectares foram semeados, 160 mil, colhidos.

O presidente Luís Arréllaga apontou a produção em um milhão de toneladas. São 280 mil dirigidas ao mercado interno e 720 mil para exportação, sendo perto de 600 mil ao Brasil, em especial para São Paulo e Minas Gerais, com vantagem competitiva que chega a ultrapassar R$ 12,00 por saca sobre o arroz gaúcho.

Uruguai

O Uruguai ampliou em 13% a área, de 145 a 163,8 mil hectares, e produziu 1.511.900 toneladas na safra 2021/22. A produtividade foi de 9.230 quilos/ha. Mas os arrozeiros estão preocupados: a partir de julho é preciso exportar 46% da safra.

A média de preços até agora foi de 40 dólares/t menos que o ano passado. O custo de US$ 2.185,00/ha em 2022/23 é 18% acima dos US$ 1.850,00 da última safra. Exigirá colher 8.850 kg/ha, já superado.

“O preço internacional não acompanhou outras commodities, a margem é apertada”, disse Alfredo Lago, presidente da Associação de Cultivadores de Arroz (ACA). O preço provisório da saca, US$ 11,20, é US$ 1,00 a menos que em 2021. Plantará 165 mil hectares na próxima safra.

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