Ponto dentro da curva

 Ponto dentro da curva

Liderança: estoque, custos de produção e condição climática podem diminuir lavouras no RS

Expectativa é de área e produção menores no RS na próxima safra

A confirmarem-se as expectativas, a lavoura de arroz do Rio Grande do Sul terá superfície plantada similar ou inferior à temporada passada (945 mil hectares) para a safra 2021/22. A estimativa é de que sem o clima excepcional da safra passada, os rendimentos médios também sejam menores e enxuguem a produção total.

Apesar dos preços estimulantes há um ano e meio, quatro fatores são apontados como decisivos para a redução: clima e déficit nos reservatórios de água, disparada dos custos de produção, necessidade da gestão eficiente da oferta – diante de estoques maiores – e a atratividade econômica da soja e da pecuária em terras baixas, que levará à substituição de áreas.

O Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) divulgará na Expointer a intenção oficial de plantio de arroz e soja em terras baixas no RS. O diretor comercial, João Batista Camargo Gomes, avalia que a lavoura gaúcha não deve fugir de uma realidade limitada pelos mananciais e barragens e também do custo. “O risco aumentou”, opina. Alexandre Velho, presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), também considera que a próxima lavoura não passará das dimensões de 2020/21, e poderá diminuir.

“A questão hídrica, o custo assustador e a opção pela liquidez e rentabilidade da soja são fatores que devem pesar”, observa. Para ele, as barragens em melhores condições apontam reposição entre 60% e 70% quase no fim do inverno. “Em três safras com estiagem, a recarga dos mananciais acumula déficit” acrescenta. Segundo a Federarroz, cerca de 60% dos produtores adquiriram fertilizantes e defensivos até agosto. “Os preços ainda vão aumentar e, para muitos, talvez a conta não feche. Produtividade altíssima não é mais uma meta, é obrigação”, admite.

O presidente da Federarroz considera que o estado alcançou o recorde de 9.010 quilos de produtividade por causa da rotação com soja e que em três anos esse sistema deve cobrir mais de 500 mil hectares. “Este ano, serão perto de 450 mil”, avalia. Velho acredita que a diversificação de culturas é um caminho sem volta e, por isso, a Federarroz escolheu o tema a “Agricultura no pós-pandemia: novos patamares, novos desafios”, para a Abertura Oficial da Colheita do Arroz, que acontecerá em fevereiro, em Capão do Leão.

Questão básica
O relatório final do Irga concluiu que o Rio Grande do Sul colheu 8.523.429 toneladas de arroz em casca, em 945.971 hectares na safra 2020/21. A produtividade média alcançou 9.010 quilos por hectare. A fronteira oeste apresentou a maior produtividade, com 9.705 kg/ha. Na história, essa foi a quarta maior colheita gaúcha de arroz, mas as anteriores estavam todas baseadas em superfície superior a 1,1 milhão de hectares.

Fique de olho
A soja em rotação com o arroz ocupou 370.594 hectares na metade sul do Estado, com ótima produtividade de 52,3 sacas por hectare (ou 3.140 quilos). No total, foram colhidos 1,164 milhão de toneladas.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter