Quebras na safra de arroz 2009 atingem SC, RS e Uruguai

Apesar de vizinhos, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os dois principais produtores de arroz do País, têm vivido problemas climáticos distintos. No lado gaúcho, a seca em algumas regiões já exigiu o replantio em parte das lavouras e, no catarinense, o excesso de chuvas na maior área produtora acendeu o alerta nas plantações. A cultura de arroz também está em condição crítica em algumas regiões produtoras do Uruguai.

Apesar de vizinhos, Rio Grande do Sul e Santa Catarina, os dois principais produtores de arroz do País, têm vivido problemas climáticos distintos. No lado gaúcho, a seca em algumas regiões já exigiu o replantio em parte das lavouras e, no catarinense, o excesso de chuvas na maior área produtora acendeu o alerta nas plantações. Nos últimos dias, o receio maior ocorre em Santa Catarina. A região sul, responsável por 35% da produção estadual, poderá ter perdas, ainda não estimadas.

Onze municípios do Estado já decretaram situação de emergência, todos eles localizados no sul catarinense. Segundo Eclair Coelho, gerente regional da Empresa de Pesquisa Agropecuária e de Extensão Rural (Epagri) em Araranguá, entre 15 mil e 20 mil hectares de arroz sofreram com alto volume de água por conta da inundação do rio Araranguá, mas ainda não é possível precisar as perdas.

A água está baixando com rapidez. Se em três dias baixar e não houver muito lodo, a maior parte da produção pode ser recuperada. Na regional da Epagri em Criciúma, os impactos não foram tão significativos. Dos cerca de 20 mil hectares de arroz irrigado da região, apenas 1 mil sofreram inundações. Na área afetada, a estimativa é de perda entre 20% e 30%.

O problema seria maior se estivesse na etapa de formação do grão. O plantio do arroz ocorre no sul do Estado entre setembro e novembro, com a colheita no mês de março. A produção é feita em sua maior parte por pequenos agricultores.

Nesta semana, estão sendo levantados os danos que a chuva causou às lavouras de arroz, que predominam no sul de Santa Catarina. Pelo menos 18 municípios da região foram atingidos pelos alagamentos. De acordo com uma estimativa preliminar da Empresa de Pesquisa Agropecuária e Extensão Rural de Santa Catarina (Epagri), 20 mil hectares entre Criciúma e Araranguá estão submersos. A perspectiva é de até 50% de perda na produção das áreas alagadas. Em Araranguá, cerca de 80% das áreas de arroz (4 mil hectares) estão comprometidas.

Em Maracajá, a situação é semelhante, já que 100% das lavouras foram atingidas. No município de Meleiro, 60% das lavouras foram danificadas. Em Nova Veneza, dos 500 hectares submersos, pelo menos cem terão queda de produção pela metade. São 7 mil sacas perdidas, o que chega a um prejuízo de R$ 230 mil. Em Turvo, os danos foram menores, com perdas localizadas em cerca de 900 hectares, ou 10% da área cultivada.

Apesar de algumas lavouras estarem na fase vegetativa, as áreas com arroz em fase de floração foram cobertas de lama. Agora, a preocupação se concentra no pós-inundação. Segundo o engenheiro agrônomo da Epagri de Araranguá, Renê Kleveston, a agravante é o lodo que gruda nas folhas. Com a incidência do sol, a combinação “cozinha” a folha. O tempo de permanência dessa água parada nas plantações também é um mau sinal.

O mínimo de perda nessas lavouras será de 30%, e na safra, a quebra deve chegar a até 50%. No Rio Grande do Sul, mais de 25 mil hectares na Fronteira Oeste do Estado, ou 7% da área dedicada ao arroz na região, que sofre com a escassez de chuvas, precisaram ser replantados.

URUGUAI

A seca também assola os arrozais do Uruguai, o que tende a beneficiar os produtores gaúchos. No Estado, apesar dos problemas climáticos, ainda não é possível prever queda na produção. A safra pode ser considerada normal, mas, mesmo com área maior, a produção vai, no máximo, empatar com a da passada.

A situação climática está desfavorável nesta safra de arroz 2008/2009 no Uruguai, devido à falta de chuva e às temperaturas altas. A cultura de arroz está em condição crítica em algumas regiões produtoras do país.

A escassez de chuva durante o inverno e a primavera deve confirmar uma redução de até 12% na área estimada para o cereal neste ciclo 2008/2009, que deve ficar em 160 mil hectares. A previsão inicial era de uma área plantada de 182 mil hectares neste ciclo 2008/2009. Com o prolongamento da seca, foi preciso usar a pouca água disponível para banhar lavouras com dificuldade de germinação e, agora, não há o suficiente para a irrigação. O cenário pode beneficiar ainda mais os produtores de arroz no Brasil e que enfrentam a concorrência dos uruguaios nos destinos de exportação.

Desde os anos 90, o Uruguai abastece às indústrias brasileiras e o setor varejista, com preços competitivos. Além disso, quanto menor o estoque do Mercosul, melhores as condições de preço para a venda da safra que, no Brasil, começa a ser colhida em março. O cenário é favorável ao produtor brasileiro, porque o estoque final para essa safra 2008/2009 estava projetado em apenas 929 mil toneladas.

No ano-safra 2007/2008, as exportações de arroz do Uruguai para o Brasil sofreram uma forte queda, por causa da forte alta do dólar no segundo semestre de 2008. Com preços mais baixos no Brasil (em dólares), o Uruguai destinou mais exportações a outros destinos. No ano-safra 2007/2008, as importações de arroz do Uruguai devem atingir menos de 300 mil toneladas. Até dezembro, as importações brasileiras de arroz uruguaio atingiram 267 mil toneladas (base casca).

Com invormações de Valor Econômico e Diário Catarinense

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