Safra cheia no Mercosul

 Safra cheia no Mercosul

Colheita teve grande retração em áreas paraguaias

Quebra no Paraguai será compensada com sobra pelos demais países

Três dos quatro países que formam o Mercosul deram resposta rápida à elevação dos preços mundiais do arroz e a queda dos estoques regionais na temporada comercial 2020/21 com aumento de área e produção: Argentina, Brasil e Uruguai. O Paraguai, por causa de um longo e atípico período de seca, registrou área menor e perdas produtivas que devem ficar entre 15% e 20%, dependendo da fonte consultada naquele país. Pelo desempenho das demais nações, a quebra da colheita paraguaia não chega a preocupar em termos de abastecimento ou impacto no mercado interno.

Com base nas informações oficiais dos organismos governamentais ou setoriais do bloco econômico, a área total de arroz no Mercosul teve um crescimento de 0,8% para 2,184 milhões de hectares. Em números absolutos, o avanço foi de 17,3 mil hectares. O suprimento do Mercosul, excluídos estoques e importações de fornecedores externos, alcançará praticamente 15,221 milhões de toneladas, isto é, 3,7% a mais do que na temporada passada ou 536,1 mil toneladas. O salto em produtividade no Rio Grande do Sul e no Uruguai, que baterão recordes de rendimento por área, serão decisivos na consolidação desta grande colheita.

PARAGUAI

Enquanto o Paraguai reduzirá em estimadas 173 mil toneladas, o Brasil aumentará em 432 mil toneladas a sua safra. Já a soma do incremento produtivo da Argentina e do Uruguai será de 163 mil toneladas. A Câmara Paraguaia das Indústrias de Arroz (Caparroz), no entanto, considera que os números do país poderão ser ainda inferiores com a colheita local totalizando entre 850 mil e 900 mil toneladas. Como tem um consumo médio anual entre 250 mil e 270 mil toneladas, o país teria cerca de 630 mil a 650 mil toneladas para exportar nesta temporada. “Os estoques foram zerados na temporada passada”, explicou Guillermo Zub, presidente da entidade.

 

ARGENTINA

Na Argentina, o consumo doméstico teve alto crescimento durante a pandemia e também refletindo a crise econômica. A estimativa governamental é de que o país destinará 650 mil toneladas de arroz (também em base casca) para consumo humano. Isso representará 48,5% da produção local, que deverá fechar ao redor de 1,338 milhão de toneladas. A estimativa é de que a Argentina terminou o ano agrícola, em fevereiro passado, com pouco mais de 200 mil toneladas de estoques de passagem.

Como o governo nacional tem tributado as exportações com as “retenciones agrícolas” de 5%, a preferência dos agricultores do país vizinho têm sido de negociar com o seu mercado interno. O governo federal, que adotou uma política de controle de preços sobre a cesta básica, mantém o interesse em assegurar estoques mais altos de produtos básicos no país. Ainda assim, os argentinos têm enviado algumas cargas para o Brasil e estão abastecendo Cuba e alguns mercados tradicionais. A estimativa é de que exportem até 550 mil toneladas, no máximo, por causa do aumento produtivo, consumam 650 mil toneladas e o estoque local suba para algo em torno de 370 mil toneladas.

URUGUAI


O Uruguai é um caso à parte nessa conjuntura. Com uma produtividade recorde próxima de 9,3 mil quilos por hectare e praticamente a mesma área da temporada passada, 143,3 mil hectares, os arrozeiros uruguaios iniciaram a temporada com estoque negativo. Com redução de 10% sobre os combustíveis como subsídio, demanda a ótimos preços do Iraque (branco) e do México (casca), que somam 120 mil toneladas, perspectiva de assumir parte do vácuo da oferta paraguaia no mercado brasileiro, mas um consumo interno que não passa de 60 mil toneladas, o Uruguai vive um momento de euforia e algumas lideranças já projetam um aumento de 10% em área para a temporada 2021/22.

“Temos a comemorar o desempenho produtivo das lavouras, a eficiência do produtor e os bons negócios realizados ao longo de 2020 e nos primeiros meses de 2021. Mas ainda precisamos consolidar a comercialização desta safra para poder comemorar plenamente os nossos êxitos. A safra agora colhida precisa ser vendida e gerar resultados financeiros e capacidade de investimento para a nova temporada ao produtor”, resumiu Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai.

Fique de olho
No Brasil, a produtividade gaúcha fará muita diferença. O país seguirá superavitário com relação ao seu mercado interno e, mais uma vez, precisará equilibrar os preços com a exportação de um bom volume de negócios com o exterior. Como também é o maior mercado consumidor e importador das Américas, a expectativa é de que a queda da oferta paraguaia nesta temporada seja compensada com a compra de mais arroz do Uruguai e da Argentina.

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