Safra patina e as cotações se mantêm na horizontal

 Safra patina e as cotações se mantêm na horizontal

Evolução da safra no RS na semana que passou foi de apenas 64 mil hectares

Oscilação do dólar marca semana, enquanto as cotações em reais “andam de lado” para a safra nova, que avança muito devagar. Arroz da “safra velha”, com mais de 64% de inteiros, alcança boas cotações.

Ainda abaixo do custo de produção, estimado pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga) em R$ 44,71 nesta temporada, o mercado gaúcho de arroz em casca andou devagar nos últimos 10 dias, evidenciando uma acomodação de preços de acordo com a lenta evolução da safra. No mercado livre, sem referência de preços, o cereal é negociado em volumes pequenos em média a R$ 38,00 e R$ 39,00, cotação indicada para a saca de 50 quilos (58×10).

A pedida dos produtores fica em torno de R$ 40,00, mas a fraca presença da indústria no movimento de demanda reduz o ímpeto do produtor que precisa fazer frente às despesas, durante a negociação. Parte das indústrias ainda está recebendo valores e produto conforme os contratos de financiamento direto. A orientação das entidades de classe é de que os produtores não aceitem receber menos de R$ 41,00 por saca, mas entre o ideal e o necessário, o mercado cobra seu preço. Nesta semana, na Zona Sul, foram reportados, por algumas corretoras, negócios na faixa de R$ 45,00 para o arroz velho, acima de 64% de inteiros. Mas, são casos excepcionais.

O alongamento da safra ainda maior do que o previsto está gerando uma resposta muito clara do mercado: embora a safra recém ultrapasse a metade da área, a pressão esperada por uma enxurrada de produto não acontecerá e os patamares de preços não serão muito inferiores aos atualmente estabelecidos. Com esse parâmetro, a expectativa é de uma reação mais vigorosa nos preços ainda no primeiro semestre do ano comercial, ou seja, antes do final de agosto.

O indicador de preços do arroz em casca Esalq/Senar-RS manteve-se praticamente andando de lado na última semana, marcando nesta segunda-feira R$ 39,69 para a saca de 50kg (58×10) colocada na indústria. Nos primeiros 18 dias do mês, houve uma variação negativa de 0,03% em Real, mas um avanço de 0,23% em dólar. Pela equivalência desta segunda-feira, quando o dólar registrou alta de 2%, para 3,59, a saca de arroz equivale a US$ 11,01. Mas, na última quinta-feira, dia 14/4, chegou a alcançar US$ 11,44, com valorização de 0,56% em abril.

Embora sejam valores referenciados abaixo dos patamares médios de preços de importação, São Paulo e Minas Gerais, principalmente, têm importado arroz do Mercosul neste primeiro trimestre. Só o Paraguai já remeteu ao Brasil perto de 90 mil toneladas em 2016, 70% do volume total de grão estrangeiro que ingressou no mercado doméstico. Quanto mais valorizado tiver o dólar – e os preços internos – maior é a competitividade dos países vizinhos. O Paraguai trabalha com referência de custos de produção em torno de 11 dólares por saca, mas há quem tenha custos menores.

 

SAFRA

 

A safra gaúcha evoluiu pouco na última semana por causa das chuvas, apenas 6%, alcançando a superfície colhida de 52,9%, ou 563,7 sobre um total de 1,063 milhão de hectares. Na temporada passada, as operações de colheita já cobriam quase 87% da lavoura. A média de produtividade obtida até agora é de 7.571 quilos por hectare, três sacas por hectare abaixo da temporada passada. Na medida em que avança a colheita, está caindo de forma importante a produtividade. No total 4,27 milhões de toneladas já foram colhidos. A expectativa climática é de que duas frentes frias entrem no Rio Grande do Sul nos próximos dias, gerando instabilidade climática. A situação preocupa por causa da oscilação das temperaturas, capaz de gerar abortamento nas áreas em floração. Na última semana, temporais na Campanha e na Zona Sul voltaram a provocar danos às lavouras.

Em Santa Catarina a primeira safra já bate na casa de 80% da área colhida, em um total aproximado de 148,5 mil hectares. Ao norte do Estado, nos municípios atingidos por danos climáticos, a expectativa é de que a colheita da soja reduza os prejuízos. No Sul catarinense os preços médios do grão assemelham-se aos do Rio Grande do Sul, com referência de R$ 39,00 a R$ 40,00. A indústria da região segue recebendo produto gaúcho sem tanta exigência quanto à umidade ou defeitos. Mesmo no Rio Grande do Sul os produtores indicam a indústria trabalhando um pouco mais “frouxa” em exigências o que é recebido como um sinal de que espera maior demanda ao longo do ano.

No Mato Grosso a safra anda na faixa de 60% da área colhida e a indústria demonstra baixo interesse. No Nortão, preços médios na faixa de R$ 53,00 por saca de 60 quilos (55% acima) e poucos negócios. Parte da indústria e dos corretores reclama de uma queda de qualidade em algumas variedades e regiões de cultivo por causa do clima e dificuldades de manejo, especialmente em terras velhas.

 

INTERNACIONAL

 

O mercado internacional, que já previa uma retração em torno de 3% nos estoques globais, foi surpreendido na semana passada por um relatório do Instituto Internacional de Pesquisas em Arroz (Irri, na sigla em inglês), com sede nas Filipinas, apontando uma projeção de queda ainda maior do que o esperado nos volumes estratégicos de quatro dos maiores exportadores do cereal do mundo: Índia, Tailândia, Vietnã e Estados Unidos.

Se mantida a seca provocada pelo fenômeno El Niño nestes países ao longo do inverno no Hemisfério Sul, a expectativa é de uma quebra nas “safrinhas” da Ásia e na safra norte-americana, plantada a partir de agora para ser colhida em agosto, com reflexo na estratégia de comercialização, especialmente no continente asiático.

Como na Ásia o arroz é sobrevivência, e também poder político e econômico, capaz de derrubar governos, as disponibilidades para exportar poderão ser reduzidas diante de uma queda produtiva. A retração dos estoques levaria a uma queda na oferta mundial, e isso repercutiria num aumento dos preços internacionais.

O Irri assegura que, diante de um quadro climático mais grave, há possibilidades de o mundo viver uma crise no âmbito do arroz similar ao ocorrido em 2008. E destaca que há grande desconfiança com relação ao clima e às safras por parte dos governos asiáticos. Países como Filipinas e Indonésia, grandes importadores, registraram quebra de produção por causa do clima na atual temporada e já trataram de anunciar um aumento das compras externas, inclusive para a formação de estoques maiores. O temor é que ou a continuação da seca, com atraso ou fraqueza nas chuvas de monções, ou o excesso de chuvas que pode ser gerado pelo fenômeno antagônico, La Niña, afetem as novas safras, levando os estoques da região a um ponto crítico.

 

MERCOSUL

 

Enquanto isso, o Mercosul avança em sua colheita. O Uruguai segue enfrentando problemas climáticos e o quadro é similar ao do Rio Grande do Sul, alcançando recém 60% da área, conforme entidades setoriais. A Argentina já bate na casa dos 80% de superfície colhida e o Paraguai acelera em direção aos 15% finais das operações de recolhimento dos grãos nos campos. No Uruguai, a boa nova da semana foi a vitória em nova concorrência para atender ao Iraque. São 150 mil toneladas de grão que serão embarcados nos próximos meses, em conjunto com os Estados Unidos. Paraguai e Argentina concentram mais suas esperanças nos países da América Latina, em especial, no Brasil, a partir do segundo semestre. Seus excedentes, bem acima da média histórica, fortalecem esta posição.

 

MERCADO

 

A Corretora Mercado, de Porto Alegre, indica preços médios de R$ 39,60 para a saca de arroz em casca de 50kg (58×10) no Rio Grande do Sul, enquanto a saca de 60 quilos, branco, tipo 1, bate na casa de R$ 84,00, sem ICMS. Entre os quebrados, estabilidade mantida, com o canjicão cotado aos mesmos R$ 51,00 desde o início da temporada, e a quirera a R$ 44,50, em sacas de 60 quilos, ambos. A tonelada do farelo de arroz, cotada em Arroio do Meio, no Vale do Taquari, manteve-se em R$ 420,00.

18 Comentários

  • Na minha região os valores diferem muito dos divulgados na reportagem, por aqui os preços variam em torno de R$ 41,00, subindo, mesmo assim registramos um prejuízo acima de R$ 4,00 por saco produzido, ou seja, a cada 10.000 sacos é contabilizado um prejuízo superior a R$ 40.000,00 já que a produtividade divulgada acima não é mais a mesma. Na região de Santa Vitória tivemos chuvas acima de 300 mm nos últimos 2 dias, sem contar os fortes ventos que acamaram grande parte das lavouras. Boa parte dos municípios decretaram situação de emergência. Estamos diante de uma crise nunca vista, com baixa produção, espremidos pelo preço da indústria que força manter esses valores para receber o dinheiro que emprestou (recebe esse valor em produto) e não está mensurando o prejuízo futuro. Se o arroz não pular nos próximos 15 dias para patamares acima dos R$ 45,00 o caos está implantado com quebra geral das empresas de insumos que financiaram a produção, dos produtores e do comércio em geral da nossa região. Desde meado do ano passado o arroz casca poderia ter o valor de R$ 45,00, remunerando toda cadeia produtiva com os mesmos percentuais históricos, só que boa parte desse percentual ficou somente com um lado, basta ver pela quantidade das ampliações e criação de novas estruturas de beneficiamento, ora, sabemos que o dinheiro do governo não existe então, obviamente, esse pessoal está operando entre 80 a 90 % com capital próprio. O resultado que deveria ser dividido justamente ficou apenas com uma das partes intermediárias do processo, e essa investe em ampliações e em financiamento a produtores que pagam cada vez um preço mais alto para manter os aparelhos ligados na UTI onde sobrevivem.

  • Prezado sr. Elton. Apenas para enriquecer sua informação, já existem negócios em 45 reais pra quitar contratos em SC. E a quebra de safra está cada vez maior na região sul do RS, com acamamento, debulha e germinação. Também confirmo negócios na praça de Pelotas em 41,5 reais. Sds

  • Se a chuva durar mais 15 dias como estão prevendo, se foi a safra de arroz. A situação é muito mais grave do que se imagina e notícia, já tem gente perdendo quase que a totalidade do que falta colher de uma safra que já era ruim por tudo que passamos no plantio. Em quase 60 anos de lavoura nunca vi nada igual.

  • Ha un equivoco nessa reportagem sobre a colheita do uruguay que esta ao lado RS,a colheita do uruguay no llegou a 40% devido as chuvas no mes de abril houveran na zona leste 7 a 8 dias de possiveis de colher.A
    Situação é terrivel zonas com até 400mm

  • Tive numa reuniâo agora de manhã com produtores da minha região(camaquã, são lourenço) e digo com sinceridade, tá batendo desespero, arroz deitado, outros já brotando, arroz atrasado pesteou com clima, tá uma caos…nunca imaginei ver algo assim . O pessoal se endividando tentado arrumar mais maquinas, as estradas intransitáveis e governo não faz nada…se não parar a chuva vai ser o pior ano da história do arroz no rs. ZH noticiou que foi primavera mais chuvosa dos ultimos 70 anos, foram os dias mais quentes em abril dos ultimos 100 anos e baril mais chuvoso em 30 anos, só falta nós entramos nesta estatistica triste.

  • Se continuar chovendo nem que o arroz vá a 80 reais salva o produtor.

  • Até então reportam areas colhidas e não de perdas reais. Por exemplo na Argentina se perdeu mais de dez milhões de toneladas de soja e não se fala das perdas de arroz. No Uruguai passou grande parte de marco e quase todo abril chuvendo que mal as máquinas entravam na lavoura e tinham que se recolher a ponto de estarem atrasados na colheita. E volto a dizer se o Brasil colher dez milhões de toneladas de arroz estou sendo muito otimista. E não sei porque a saca de arroz ainda não está R$50,00, pq com as perdas nem este preco cobrirá os custos…..

  • Em Sta Vitória o pessoal tá perdendo tudo, tenho um primo por lá e disse que tá um caos. Algo nunca visto tanta perda por causa das chuvas. Pessoal que plantou híbrido perdeu tudo,, estão se reunindo para avaliar uma ação conjunta contra empresa. Tá um Deus nos acuda mesmo.

  • As industrias estão acomodadas esperando receber um arroz que não vai vir , quando eles se tocarem e caírem na real já vai ser tarde demais o prejuízo é enorme eu conheço vários produtores e estou num grupo de arrozeiros que tem produtores do Brasil , Paraguai , Uruguai e Argentina e todos estão reportando a situação das lavouras que além de estarem muito atrasadas estão deitadas e alagadas, no sul do estado a situação é dramática tanto que saiu até no jornal nacional , o Uruguai encontra-se com milhares de hectares alagados , no Rio Grande do Sul a quebra vai ser muito mas muito maior que os 15% nunciados.
    Mas mesmo assim as industrias querem liquidar as CPRS com preços bem abaixo do custo pois sabem que em seguida o arroz vai disparar , pessoal vocês imaginem que se em um ano sem estoque do governo , com dólar nas alturas e com uma baita quebra de Safra o arroz não vale nada , agora imaginem se fosse num ano de Super Safra .

  • Caríssimos. Quem plantou o híbrido e não colheu antes do início das chuvaradas há uns 20 dias já perdeu tudo. A empresa responsável vai levar uma saraivada de ações. E o resto não híbrido está com imensa perda, com estradas destruídas na zona rural do Sul do estado. Sds

  • O que mais me estranha é que a Planeta Arroz mesmo com todo esse caos que esta passando nas lavouras gauchas não tem uma nota se quer, todos os noticiarios estão passando os prejuizos relatados tanto que até no jornal nacional passou , afinal é um site dedicado ao arroz ou aos interesses da industria que não quer que o arroz suba?

  • Concordo com Kleiton, tenho entrado diversas vezes no site, pra ver se encontro alguma noticia que indique que a quebra da safra é muito grande, sendo que seria de grande importância notícias desse tipo, precisamos que o Brasil saiba que não vai existir arroz, nem aqui e muito menos no Uruguai, que já se fala em quebra de 40% da safra.

  • De forma alguma quero a desgraça dos outros, mas onde se encontra o seu DIEGO SILVA de Pelotas que vive pregando que se deve plantar soja na várzea em detrimento da lavoura de arroz irrigada, pois pelo que tenho acompanhado quem plantou soja na várzea este ano no Rio Grande do Sul esta perdendo toda a safra debaixo d´água, infelizmente como diz o ditado ovelha não é para mato. A soja ao meu ver deve ser cultivada para fins de melhoramento da lavoura de arroz do próximo ano, agora abandonar o plantio de arroz para se meter em plantar soja várzea como prega o seu DIEGO SILVA é suicidio, pois em ano de muita chuva perda total, em ano de seca perda parcial, ja com o arroz as perdas são minimas em comparação com a soja.

  • Pelo que sei a soja está estragando em todas as áreas pois umidade e chuva estraga a soja tanto das coxilhas como das várzeas , o prejuízo é em todas as culturas , não é por um ano que vamos abandonar a soja na várzea

  • Aqui meu amigo!!! Não sou rato do Cartel para criar tabela orelhana e desaparecer !!!
    O Sr. esta muito mal informado quanto a minha região, o abril mais chovedor dos últimos 70 anos prejudicou é muito a soja desde a várzea é IGUALMENTE a coxilha, grãos mofados e ardidos em ambas, quanto mais curto o ciclo mais prejudicada porem ainda temos muita soja de ciclo longo terminando de cair folhas que vão se escapar na várzea e na cozinha, pois agora esfria e para a chuva, assim como a seca afeta a várzea e a coxilha a chuva também !!!!
    Imagina que o cartel não deixa subir o arroz, imagina se essas 300 mil hectares de soja na várzea fossem arroz???
    Vamos aumentar a soja, SOJA NA VÁRZEA NELES !!!!
    Até parece que pelas suas sábias palavras o arroz com este monte de chuvas não tem prejuízo … ovelha não é pra mato não pensa que do escritório que arroz pode ficar de baixo dágua que não acontece nada que acontece sim!!!

  • Como se arroz não tivesse prejuízo com o abril mais chuvoso dos últimos 70 anos, saia do escritório e veja se não tem prejuízo nas sojas das coxilhas, não adianta que vamos seguir plantando SOJA NA VÁRZEA NELES

  • O senhor fala da tal tabela orelhana, como se na soja a mesma não existi-se, coloca a tua soja com 30 % de grãos ardidos no porto para veres quanto irão descontar, só muda o nome do produto arroz para soja, as tabelas em cada uma morde de qualquer forma e de acordo com o mercado, o que quero lhe dizer é que plantar soja em várzea em detrimento do arroz é muito mais arriscado e num ano ruim como este de clima totalmente adverso o produtor que se dedicar apenas ao plantio de soja na várzea quebra, em quanto que o arroz a perda existe mas em menor dimensão, não sou contra plantar soja na várzea mas em pequena escala e em consorcio com o arroz que é a principal cultura desta região, não pense o senhor que a soja é o melhor negocio do mundo que não é. Quanto a tabela ORELHANA, procurem outras alternativas de venda que não para estas empresas que a criaram. Um abraço.

  • Caro Júlio Dotta. Os números então divulgados acerca da safra uruguaia têm por base reportagem do El País, que posteriormente foram ajustados. Trabalham com colheita de aproximadamente 50%.

    Kleiton e Paulo Eduardo. Na semana que passou, infelizmente, passamos por um processo de migração da base de dados do nosso site para um novo e mais moderno sistema. Isso afetou a nossa capacidade de atualização com novas informações. Esperamos ter recuperado, nos últimos dias, o cenário. Agradecemos pelas observações.

    No mais, agradecemos aos nossos assinantes pelas opiniões e o alto nível dos debates que cumprem com o objetivo de mantermos este espaço.

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