Sem mau tempo
Cientistas criam cultivar
que sobrevive ao estresse climático com produtividade.
Uma equipe de pesquisadores da Academia Sinica, em Taipei, divulgou um mecanismo para melhorar a tolerância ao estresse ambiental das plantas de arroz, regulando a expressão enzimática e açucarada, dizendo que melhoraria a produção de arroz sob condições climáticas extremas.
“Como o arroz é o alimento básico para quase metade da população global, é crucial melhorar sua produção e resistência aos desafios ambientais”, disse Yu Su-may, pesquisadora do Instituto de Biologia Molecular.
A questão se tornou mais premente, já que a população mundial deverá exceder 9 bilhões em 2050. Além do crescimento populacional, outros desafios à produção de arroz incluem condições climáticas extremas, como ondas de calor e abastecimento de água inadequado para uso agrícola.
“Para melhorar a produção de arroz, a equipe descobriu que a chave é a regulação da expressão da enzima alfa-amilase, que hidrolisa o amido em açúcares nas plantas e é induzida pela falta de açúcar e reprimida pelo fornecimento de açúcar”, assegurou Yu.
O processo pode ser regulado ajustando as funções de duas proteínas chamadas MYBS1 e MYBS2, que são fatores de transcrição que competem para se ligar à enzima para promover ou reprimir sua indução de açúcar.
Sob um nível baixo de açúcar, o MYBS1 entrará nos núcleos celulares para promover a expressão da alfa-amilase, enquanto o MYBS2 restringirá sua expressão quando o nível de açúcar estiver alto.
Quando o MYBS2 é suprimido em um ambiente seco e quente, a enzima alfa-amilase é induzida a hidrolisar amido em açúcares.
Após quase seis anos de pesquisa, a equipe descobriu – usando técnicas de edição de genes – que controlar as expressões de MYBS2 e alfa-amilase em plantas de arroz pode melhorar sua produção e resistência ao estresse.
As plantas de arroz editadas por genes são 1,5 vezes maiores que as plantas não modificadas e podem sobreviver em temperaturas de até 42°C e com 20% menos água.
No entanto, se a técnica de edição de genes influencia a nutrição e o sabor do arroz, são necessárias mais pesquisas, disse ela. Suas descobertas foram publicadas em 22 de outubro, na revista Proceedings da Academia Nacional de Ciências dos Estados Unidos.