Sob nova perspectiva

 Sob nova perspectiva

Cone Sul se mantém como uma referência para fornecimento de arroz de alta qualidade

Seca reduz a expectativa de produção de arroz no Mercosul em 2022

As ótimas cotações e a demanda alcançadas pelo arroz do Mercosul em 2020/21 geraram a expectativa de um grande aumento de área nas lavouras da Argentina, do Brasil, do Paraguai e Uruguai na temporada 2021/22. No entanto, a expansão não se consolidou como estava estimada, e a estiagem que afetou a todos os países, em especial Brasil, Argentina e Paraguai, poderá gerar equilíbrio maior na oferta e prejuízos pontuais em algumas lavouras do Cone Sul.

A estimativa é de que a oferta será enxugada levando em conta apenas a nova colheita – e desconsiderando os estoques. Até o fim de janeiro, a expectativa era de que a soma da área plantada nos quatro países alcançasse 2.194.500 hectares, avanço de 0,7%.

O clima exigirá ajustes e a área colhida poderá apresentar valor negativo na comparação com o ano passado em função das perdas. A produtividade média também deve cair pelo abandono de lavouras por falta de água para irrigar e abortamento de flores causadas por uma onda recorde de altas temperaturas.

A situação será atualizada oficialmente somente em fevereiro. O consumo continuará estável, com 11,985 milhões de toneladas na soma dos quatro países considerando alimentação humana, rações e sementes…

A Argentina registra os maiores avanços no consumo regional. Ainda assim, estima-se uma produção com 3,207 milhões de toneladas de excedentes no bloco econômico, até agora, sem considerar o carry over, que deve bater em 503 mil toneladas somente nos países hispânicos. O Brasil somará mais 1,5 milhão em estoques.

Desta maneira, espera-se que a oferta a terceiros mercados, somando 3,207 milhões de produção excedente, mais 2,003 milhões de estoques, alcance 5,210 milhões de toneladas para atender a outros países. O volume representa 10% do comércio mundial.

O Paraguai e o Uruguai não sofrem grandes alterações em sua demanda interna. No Uruguai, o consumo humano fica entre 50 e 55 mil toneladas, enquanto a parte de alimentação animal agrega 10 a 15 mil toneladas. O restante são sementes.

Os paraguaios vivem o segundo ano consecutivo de grandes secas e dificuldades de logísticas, o que fez com que se esforçassem para garantir o abastecimento via rodoviária para o Brasil.

Argentina

Com 200 mil hectares semeados e projeção de colher 1,45 milhão de toneladas de arroz, a Argentina teve problemas climáticos similares aos do Rio Grande do Sul, desde a falta de água e altas temperaturas até custos de produção exorbitantes, taxas de exportação e inflação.

O país exportou pouco mais de 410 mil toneladas em 2021, considerado um volume positivo por assegurar o abastecimento interno, cuja demanda é crescente, e manter seu equilíbrio como fornecedor global.

A expectativa de praticamente repetir a colheita de 2021 não se confirmará. Colherá 10% menos.

Paraguai

As lavouras do Paraguai plantadas cedo nas bacias dos rios Tebicuary e Paraguay tiveram boa arrancada e bons estandes de plantas. A colheita iniciada em dezembro conseguiu resultados expressivos. Os 50% semeados mais tarde têm problemas de falta de água e calor excessivo na época de floração.

Com o Rio Paraná em seu mais baixo nível em muitos anos, Guillermo Züb, presidente da Câmara Paraguaia das Indústrias do Arroz (Caparroz), acredita que 2022 será um ano de grandes desafios de logística e transporte para o grão paraguaio.

Uruguai

No Uruguai, a água foi dimensionada para o tamanho das lavouras a partir de boas chuvas ocorridas em outubro/novembro, e a produtividade novamente deve estar ao redor de 9 mil kg por hectare. Os uruguaios são os mais eficientes negociantes da região, com acordos bilaterais com vários governos e participação em mercados, como o México, que são buscados há muitos anos.

Alfredo Lago, presidente da Associação dos Cultivadores de Arroz do Uruguai (ACA), considera que os custos de transporte e logística e o fator cambial serão vitais este ano.25

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