Tecnologia ajuda a produzir alimentos mais nutritivos
O Maranhão é um dos primeiros estados do País a aderir ao projeto. Já há parceiros avaliando o desempenho no campo de variedades de arroz, feijão-caupi, mandioca e batata-doce.
A tecnologia aplicada à agricultura pode ser uma grande aliada no combate à desnutrição. Alimentos como arroz, feijão, mandioca, milho, abóbora e batata doce enriquecidos com nutrientes como ferro e zinco podem ajudar a mudar os números da desnutrição no mundo. As estatísticas apontam que, a cada ano, 30 milhões de pessoas morrem por subnutrição.
O caminho para resolver esse problema está sendo construído no Brasil pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) por meio da biofortificação. A idéia é obter produtos com maior teor de ferro, zinco e beta-caroteno a partir do melhoramento convencional de plantas. Esse projeto conta com o apoio dos programas internacionais da HarvestPlus, uma rede de instituições que atua na América Latina, Ásia e África para melhorar a qualidade dos alimentos, e da AgroSalud, um consórcio de instituições com o mesmo propósito, mas com foco na América Latina e Caribe.
A coordenadora desses programas na Embrapa/Meio Norte, Marília Regina Nutti, destaca que a biofortificação leva em conta os hábitos alimentares da população.
– Além disso, o produto final não pode ter sido feito apenas por pesquisadores. Contamos com a participação dos agricultores que vão testar e verificar se a semente está indo bem na terra. Contamos com os consumidores que vão avaliar o sabor e a aceitação desse alimento – destaca.
No campo, além de produzir um alimento rico em vitaminas, a Embrapa também tem a preocupação em selecionar sementes que tenham boa produtividade no campo, resistência a pragas e doenças e ainda que resistam bem a secas. O Maranhão é um dos primeiros estados do País a aderir ao projeto. Já há parceiros avaliando o desempenho no campo de variedades de arroz, feijão-caupi, mandioca e batata-doce.
Após essa etapa, os alimentos serão disponibilizados para comunidades mais carentes que serão orientadas com as técnicas de cultivo. Depois, os produtos serão oferecidos a creches e escolas para aprovação do sabor e avaliação do resultado nutricional. Essas ações serão realizadas até 2011. O projeto também será implantado em Sergipe.
Um pouco do que está sendo desenvolvido foi mostrado durante o Amazontech em São Luís (MA). Além de palestra sobre o assunto, a Embrapa expôs no espaço Vitrine Tecnológica o feijão-caupi BRS Xiquexique e o arroz-vermelho, resultados da biofortificação, realizando ainda degustação de alguns pratos com esses produtos.
Na vitrine, que conta com cinco mil metros quadrados, são mostradas cerca de 100 tecnologias desenvolvidas pela Embrapa. Trata-se de uma demonstração ao vivo dos resultados de pesquisa. Plantas e animais estão expostos em canteiros ornamentais com símbolos da cultura maranhense.
Arroz com feijão – O feijão-caupi BRS Xiquexique é a primeira cultivar rica em ferro e zinco que foi identificada e avaliada em três anos de pesquisa. Ela tem 77mg/Kg de ferro e 53mg/Kg de zinco. Em Sergipe, a tecnologia foi testada e teve uma produtividade de 952 quilos por hectare. Essa cultivar será lançada em todo o País em 2009.
As sementes do arroz-vermelho estão sendo multiplicadas pela Embrapa Meio-Norte também para a distribuição no próximo ano. Já em dezembro desse ano é esperada uma produção de 20 toneladas de sementes. No melhoramento da mandioca já se conseguiu triplicar o valor de vitamina. No caso da batata-doce, a variedade de polpa alaranjada traz maior quantidade de beta-caroteno.
O público do Amazontech pôde provar pratos desenvolvidos pela Embrapa à base de feijão-caupi e arroz-vermelho. Os pratos, trabalhados pelo talento culinário da assistente Conceição Alves, fizeram sucesso. A mini-pizza ganhou mais nutrientes ao ter a massa feita de farinha de feijão-caupi, assim como o pastel de forno, feito com a mesma farinha. Também foram feitos purê de feijão-caupi, bolinhos de arroz-vermelho recheados com queijo e ervas, e arroz-vermelho doce.