Workshop internacional debate práticas de redução de carbono em lavouras de arroz

 Workshop internacional debate práticas de redução de carbono em lavouras de arroz

Abertura. Da esquerda para a direita: Barrera, Flávia, Madalena, Cristina, Goretti e Kelly Witkowsky. Foto: Fernando Dias/Seapi POR ASCOM/SEAPI E ASCOM/IRGA

(Por Seapi) Debater a produção de um arroz sustentável, ou seja, com menos consumo de água e que emita menos gases de efeito estufa, especialmente o metano. Essa é a finalidade principal do workshop “Taller de trabajo para promover una producción sustentable de arroz en América Latina y El Caribe” (Workshop para promover a produção sustentável de arroz na América Latina e no Caribe), promovido pelo Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), vinculado à Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi), e pelo Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA). O evento, que faz parte do projeto Global Methane Hub, iniciou nesta terça-feira (2/4) e segue até quinta-feira (4/4). Participam representantes do Chile, Colômbia, Costa Rica, Equador e Uruguai, além do Brasil.

Na abertura oficial, que ocorreu na sede administrativa do Irga, em Porto Alegre, a diretora técnica do Irga, Flávia Tomita, deu as boas-vindas aos participantes em nome do presidente Rodrigo Machado. Ela destacou a importância da sustentabilidade do arroz para a América Latina e disse ser fundamental que todos saibam sobre o trabalho desenvolvido pelo Instituto, para que os resultados sejam de conhecimento público.

“O Irga vem trabalhando, junto com a Seapi, essa questão ambiental, de diminuição dos gases de efeito estufa já há algum tempo. Por isso, quando fomos procurados pelo IICA, eles viram que já estávamos com alguns resultados e começamos a fazer projetos juntos, sem ter que partir do zero”, explicou.

De acordo com Flávia, durante esses fenômenos climáticos que o Rio Grande do Sul vem enfrentando, como La Niña, com três anos de estiagens, e El Niño, com chuvas intensas, o Irga tem atuado para ajudar os produtores a se adaptarem. “Isso fazemos com manejo, cultivares e projetos de pesquisa, para auxiliá-los”.

A diretora técnica do Irga disse que 70% do arroz produzido no Brasil é do Rio Grande do Sul. “Aqui no Estado fechamos a última safra de 900 mil hectares, sendo 65% de cultivares do Irga (bastante produtivas e que se adaptam a todas as regiões do Estado). Mesmo com condições adversas, a gente consegue ter uma alta ou média produtividade, para não faltar arroz no mercado interno”, afirmou.

Por sua vez, o secretário adjunto da Seapi, Márcio Madalena, afirmou ser um prazer receber os representantes dos países por meio da parceria do governo do Estado com o IICA. Segundo ele, o primeiro contato entre o IICA e o Irga aconteceu no ano passado, quando perceberam a possibilidade de realizar parcerias, entre elas essa que está se concretizando agora.

“Nós sempre acreditamos que a interação e troca de experiências é fundamental para a evolução de todos”, disse Madalena. “E o crescimento populacional é um fato, do mesmo modo que a necessidade de estar atento às mudanças climáticas. Então, nós que trabalhamos com agropecuária em nossos países, temos a missão de produzir mais alimentos e o compromisso de fazê-lo com sustentabilidade. E é preciso fazer isso em equipe, junto com institutos, fundos internacionais, governos federal e estadual, instituições de pesquisa”, pontuou.

Madalena ressaltou o trabalho desenvolvido pelo Irga ao longo dos anos, que coloca o Estado hoje em uma situação confortável de discutir produção sustentável, não só com o Brasil, mas também com o mundo, contribuindo assim com os países da América Latina. “Acreditamos que as fronteiras geográficas que nos separam são, na verdade, pontos que nos unem. Assim como as pautas que temos que trabalhar. Certamente essa troca de experiências pode nos colocar, em um futuro próximo, em uma situação de produção de arroz sustentável de referência mundial”, previu.

O especialista em Extensão Rural da Representação do IICA no Chile, Fernando Barrera, que é coordenador regional do Global Methane Hub, contou que o IICA está tentando construir uma agenda regional de cooperação para a construção de uma forma de produzir arroz mais sustentável. “Hoje em dia, a produção da cultura na América Latina tem muitos desafios em relação aos eventos climáticos”, destacou. “O arroz tem um papel muito importante porque, com a mudança climática, a produção está em risco. Em países como o Chile, já não temos chuva, portanto não há água suficiente para a produção de arroz”.

Ele afirmou que uma das causas do aquecimento global é a emissão de gases de efeito estufa, como o metano. “O arroz produz grande quantidade de metano, portanto temos que nos adaptar às mudanças do clima e reduzir as emissões que a produção de arroz gera”.

A coordenadora técnica do Escritório do IICA no Brasil, Cristina Costa, disse que o projeto regional com os países vai contar com recursos do Global Methane Hub, que vem de um fundo internacional, o Green World Fund. “Também queremos discutir a proposta de um novo projeto para apresentar para o Green Climate Fund (GCF)”. Conforme Cristina, a ideia do workshop é discutir a situação atual da produção do arroz nos países participantes e debater o planejamento inicial do projeto junto ao Global Methane Hub.

O coordenador-geral de Irrigação e Conservação de Solo e Água do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), Gustavo Goretti, contou que o Ministério tem auxiliado na construção do projeto com o Irga, a Seapi e o IICA. “Ele deve se enquadrar nas expectativas do financiador e do governo brasileiro”, afirmou.

“A ideia desse evento é que a gente consiga ajudar na construção de um projeto que auxilie os produtores brasileiros a serem mais sustentáveis e, o mais difícil, que passe a imagem de sustentabilidade para o mundo. Precisamos gerar informações técnicas para que se prove que a agricultura brasileira é sustentável, coletando dados, gerando tecnologias para serem usadas pelos produtores, para aumentar a produção brasileira de forma sustentável”, completou Goretti.

Trabalhos em grupo

Fernando Dias/Seapi

Ainda durante a manhã desta terça-feira (2/4), os participantes se reuniram em grupos por país para debaterem temas sobre a visão futura da cadeia do arroz em nível nacional. Após, cada grupo fez a apresentação de suas propostas, identificando pontos comuns e específicos de cada país.

À tarde, foram formados grupos mistos que identificaram possíveis linhas de trabalho em um programa regional e atores relevantes, seguido de apresentação dos pontos discutidos.

Visitas a produtores

Nesta quarta-feira (3/4), estão agendadas visitas a propriedades produtoras de arroz nos municípios de Capivari do Sul e Mostardas, na região da Planície Costeira Externa. Também ocorrerá uma apresentação do professor da Universidade Federal de Santa Maria, Enio Marchesan, sobre o Sistema de Produção do Rio Grande do Sul.

No último dia (4/4), durante a manhã, a programação prevê nova rodada de discussões na sede do instituto. O dia começa com a apresentação geral do projeto Global Methane Hub (GMH). Após, os participantes debatem a revisão das atividades. À tarde, o workshop se encerra com um amplo debate sobre os projetos desenvolvidos em cada país.

Deixe um comentário

Postagens relacionadas

Receba nossa newsletter