“Safra será a juros de mercado”, diz o presidente da Famato

Presidente da Famato diz que novamente produtores terão R$ 2 bilhões em recursos federais.

O presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), Homero Pereira, afirmou que a safra 05/06 será financiada a juros de mercado, “isso para quem obtiver crédito”.

Para o custeio do novo ciclo serão necessários, segundo a Famato, R$ 12 bilhões, para o cultivo das principais culturas (arroz, milho, soja e algodão).

Desse volume, somente R$ 2 bilhões poderão ser buscados da União. “Em um ano em que mais precisávamos de dinheiro mais barato, teremos de buscar R$ 10 bilhões no mercado, pegando, por exemplo, juros acima de 26% ao ano com as Cédulas do Produto Rural (CPRs). Em nenhum lugar do mundo a agricultura acontece desta forma”, exclama.

Homero chama atenção para o coquetel de problemas. Há exatos um ano, a luz amarela havia se acendido no campo, ao preparar a safra, produtores deram de cara com aumentos, segundo eles, “injustificáveis” dos insumos, sobretudo dos fertilizantes, em até 40%, mas ninguém sonhava com a queda abrupta do dólar frente ao real.

– Neste ano, tudo está tendo início de maneira diferente. Apesar de tudo, o produtor tinha capital e tinha crédito para buscar recursos. Nesta safra, depois da junção de tantos fatores ruins, o produtor está sem capital, praticamente 100% dos recursos para safra terão de vir de agentes privados, está em situação de inadimplência e aqueles que conseguirem prorrogar o custeio terão seu limite de crédito reduzido e sujeito a uma tabelinha de limitação a juros de 8,75% ao ano – frisou.

O presidente completa dizendo que tudo que foi concedido pela União ao setor está formado por medidas truncadas.

– A última é a exigência de produto da safra passada para prorrogação das dívidas de custeio. Se estamos adiando para o ano que vem, deveria ser pago com a nova safra. Fora isso o Plano Safra traz uma tabelinha de limitações, onde, por exemplo, produtores que tiveram financiados entre R$ 100 mil e R$ 200 mil, terão somente 50% do total a juros de 8,75%.

Ele destaca ainda que, com o histórico da crise recente, tanto os bancos quanto os agentes privados estão mais seletivos em relação aos empréstimos. “O que se transforma em mais um agravante e num empecilho para o produtor, pois terá de buscar cerca de R$ 10 bilhões em meio a um mercado desconfiado e deverá encarecer a tomada de recursos”.

Com relação a Lucas do Rio Verde (360 quilômetros ao Médio Norte de Cuiabá), Homero acredita que haverá redução no uso de tecnologia. “Como são áreas mais consagradas e onde o produtor vinha investindo bastante em adubos e fertilizantes, acredito que não haverá recuo, mas economia na forma de plantio”.

O produtor Ronaldo Cesário, de Lucas do Rio Verde, confirma a redução na utilização de adubos, explicando que algumas compras foram feitas, mas que existem muitos produtores fazendo análises de solos para chegar pontos mais férteis de suas lavouras. “Vamos estar sim fazendo a chamada poupança do solo; afinal temos áreas muito bem nutridas em seguidas safras”.

Cesário destaca que “quase nada”, dos 220 mil hectares (ha) cultivados com soja vão deixar de ser semeados, mas que a redução no custo de produção é condição primordial neste momento.

– Mesmo economizando, não deveremos sofrer reduções na produtividade, pelo menos nesta safra, isso ainda não será percebido e mantendo média de 50 sacas/ha a 55 sacas/ha.

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