2008 é marcado por valores recordes no arroz

Apesar das consecutivas quedas do Indicador CEPEA/ESALQ-BM&FBovespa do arroz em casca nos últimos três meses de 2008, o ano foi caracterizado por patamares elevados de preços.

Apesar das consecutivas quedas do Indicador CEPEA/ESALQ-BM&FBovespa do arroz em casca (Rio Grande do Sul, 58 grãos inteiros) nos últimos três meses de 2008, o ano foi caracterizado por patamares elevados de preços. No primeiro bimestre, a baixa oferta do casca e o atraso na colheita elevaram as cotações, mesmo com os leilões de venda do governo.

Nos meses seguintes, mesmo com arroz novo disponível no mercado, o recuo de produtores, dado o aumento no custo de produção, e as elevações nos preços internacionais sustentaram os valores domésticos até meados de outubro. Em novembro e dezembro, os preços caíram, devido à dificuldade de repasse do preço do casca ao beneficiado e à retração do setor atacadista/varejista.

Durante todo o ano, os valores médios mensais foram superiores aos praticados desde setembro de 2005, quando o Cepea iniciou o levantamento, em termos reais – valores deflacionados pelo IPCA de dez/08. Os meses de maio/08 e abril/08 apresentaram, respectivamente, o maior e o menor diferencial em relação a 2007, de 60,2% e 5,6% acima dos mesmos períodos de 2007. A média do Indicador em 2008 superou em 35,1% à do ano anterior, também em termos reais.

O Índice de Preço ao Consumidor (IPC) da FGV para o arroz branco no varejo valorizou 31,3% no acumulado de 2008; para o parboilizado, a alta foi de 30,9%. No mesmo período, o Indicador CEPEA/ESALQ-BM&FBovespa subiu 39,4% – considerando as médias mensais –, e o arroz de 50/55 grãos inteiros (para parboilizar) da Planície Costeira Interna, 39,1%.

Levantamento do Cepea junto ao setor atacadista da região de Campinas (SP) aponta aumento de 27,1% no acumulado de 2008 do preço pago pelo fardo de 30kg de arroz T1 nobre (Top). Observa-se que o casca teve maior valorização que o beneficiado, tanto no segmento atacadista quanto no varejo.

Em Mato Grosso, os baixos preços oferecidos aos produtores e as fracas vendas de arroz beneficiado refletiram em lentidão dos negócios nos últimos meses de 2008. Esse cenário foi reforçado, a partir de novembro, pela contínua diminuição da oferta. Segundo informações obtidas junto às beneficiadoras, a maior parte do grão beneficiado tem sido comercializada no próprio estado, pela falta de competitividade em relação ao arroz gaúcho nos mercados consumidores dos outros estados. No comparativo dos últimos três meses, o preço do arroz em casca posto indústria em MT esteve R$ 3,60/sc, em média, acima do praticado no RS.

Quanto aos custos de produção da safra 208/2009 divulgados pela Conab, a região de Itaqui/Macarambá (Fronteira Oeste) registrou o maior acréscimo sobre a safra passada, de 34,72%, seguida pelas regiões de Pelotas (Zona Sul), com alta de 16,56%, e de Cachoeira do Sul (Depressão Central), de 13,76%.

Entre os insumos que mais afetaram os custos estão adubos e corretivos, que, conforme pesquisas realizadas pelo Cepea em casas agropecuárias do RS, subiram 62,5% entre janeiro e novembro/08. Os defensivos agrícolas, que representam por volta de 10% das despesas, valorizaram 53,4% no período.

Em novembro, os adubos fosfatos registraram a maior queda entre os insumos que compõem o levantamento do Cepea na região da Fronteira Oeste, ilustrados pelas cotações do MAP e do Super Simples, de 25%. A uréia caiu 8,4% em iguais período e região. Em relação aos defensivos, a Cipermitrina, o Glifosato e o Fipronil recuaram 21,25%, 2,2% e 0,9%, respectivamente, em nov/08.

De janeiro a dezembro de 2008, a exportação brasileira de arroz aumentou 153,5% em comparação ao mesmo período de 2007, atingindo 749,8 mil toneladas em equivalente casca. Quanto à receita em dólares, o aumento foi de 484%, contabilizando em 2008 US$ 311,6 milhões. O valor médio do produto exportado, em 2007, em equilvante-casca, foi de US$ 9,01/saca de 50 kg; já em 2008, esteve em US$ 20,78. Tal variação se explica pelas vendas de produto de maior valor agregado e pelas cotações internacionais mais altas. O aumento nas vendas externas também foi impulsionado por choques de demanda no mercado asiático.

Análise sobre o mercado de arroz elaborado pelo Cepea. Equipe: Profa. Sílvia Helena G. de Miranda, Maria Aparecida N. S. Braghetta, Ariane Sbravatti e Pedro Michellin.

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