Exportação é estratégia para sustentar preços

Apesar do Brasil ainda não ser auto-suficiente na produção do arroz, a busca do mercado externo é uma forma encontrada pelos produtores para a sustentação dos preços. A briga do momento dos agricultores é tentar não vender a saca de 50 quilos por menos de R$ 33,00.

Apesar do Brasil ainda não ser auto-suficiente na produção do arroz, a busca do mercado externo é uma forma encontrada pelos produtores para a sustentação dos preços. A briga do momento dos agricultores é tentar não vender a saca de 50 quilos por menos de R$ 33,00 principalmente agora, período da colheita, quando o excesso de oferta achata os preços pagos ao produtos.

“Estamos prospectando mercados, preços de fretes, cotações e conversando com tradings e creio que até abril teremos algo de concreto sobre exportações. Vamos exportar um ou dois navios, cada um com 35 mil toneladas. Estamos estudando o mercado asiático e da América Latina”, diz o diretor comercial e industrial do Instituto Riograndense do Arroz (Irga), Rubens Pinho Silveira.

– Vamos transformar o arroz em uma commodity, reforça o presidente da Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Federarroz), Artur Albuquerque.

A aposta dos produtores gaúchos encontra sustentação no cenário internacional. De acordo com dados do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (Usda), os estoques de passagem de arroz ao final de 2004 terão uma redução de 21,7%, caindo a 84 milhões de toneladas. A China, maior produtora e consumidora mundial, não é mais auto-suficiente desde 2000.

“Nestes últimos quatro anos os chineses reduziram os seus estoques em 22 milhões de toneladas”, diz Silveira. Além disso, a FAO, órgão da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação, que declarou 2004 Ano Internacional do Arroz, estima que, em 2030, a demanda mundial precisará de uma produção de mais 225 milhões de toneladas anuais além das 580 milhões que são colhidas hoje.

“A FAO informa que a produção só pode crescer na América Latina e na África”, diz Silveira, entendendo que a África não tem condições de corresponder à expectativa.

No mercado interno, as projeções indicam um equilíbrio entre produção e consumo. Os cálculos indicam colheita entre 11,7 milhões e 11,8 milhões de toneladas, para uma demanda de 12,6 milhões de toneladas, diferença que é suprida pelo cereal de Uruguai e Argentina, grande parte produzido por gaúchos.

No Rio Grande do Sul, responsável por 50% da produção brasileira, com 8% da safra colhida, a produtividade média até agora é de 5,9 toneladas por hectare, um recorde, beneficiado em grande parte pelo clima favorável. Nos últimos anos, a produtividade média foi de 5,3 toneladas por hectares.

No total, a safra gaúcha deve atingir 5,9 milhões de toneladas, também um recorde. Apesar da luta pela sustentação dos preços, o momento da orizicultura é considerado bom.

“O que nos ajudou foi o preço conseguido ano passado, que compensou a frustração da safra”, diz Gilberto Raguzzoni, que planta 400 hectares em Dom Pedrito, município que faz fronteira com o Uruguai. Em 2003, os preços alcançaram picos de R$ 40,00.

Outro fator que contribuiu para a capitalização dos agricultores foi a renegociação das dívidas. Em 2000, quando os produtores reclamavam estar vendendo abaixo do custo de produção, chegaram ser montadas barreiras em rodovias e ferrovias para impedir a comercialização e a entrada de arroz do Mercosul no estado.

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