Embrapa apresenta novas cultivares de arroz irrigado para São Paulo

Novas cultivares atendem demanda regional do Vale do Paraíba, em São Paulo, e serão apresentadas pelos pesquisadores da Embrapa Arroz e Feijão (GO) e da Cati (SP) em Taubaté.

Cultivares de arroz irrigado serão o foco da atenção dos produtores no dia de campo que será promovido nesta terça-feira 30 pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), vinculada ao Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, em parceria com a Coordenadoria de Assistência Técnica Integral (Cati), órgão da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo. O evento acontecerá na Fazenda do Departamento de Sementes, Mudas e Matrizes (DSMM/CATI), na cidade de Taubaté (Vale do Paraíba/São Paulo) e contará com a participação de pesquisadores da Embrapa Transferência de Tecnologia e da Embrapa Arroz e Feijão.

Na programação do dia de campo serão apresentadas três variedades e três linhagens de arroz irrigado que obtiveram resultados promissores após dois anos de avaliação no Vale do Paraíba. Veridiano dos Anjos Cutrim, pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão, afirma que as variedades tiveram boa produtividade, alcançando entre 5 e 6 toneladas por hectare, equiparando-se à variedade Epagri 109 da Empresa de Pesquisa Agropecuária de Santa Catarina, a mais plantada da região.

As variedades BRS Jaburu e BRS Biguá que serão mostradas no Dia de Campo foram geradas pela Embrapa Arroz e Feijão. Já a BRS Ourominas, que também está sendo avaliada no local, foi desenvolvida em parceria com a Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig).

Mais resistentes a brusone, doença fúngica presente no Vale do Paraíba e que pode causar danos de até 100% na produção em algumas situações mais drásticas, estes materiais já possuem recomendação para o estado do Tocantins e Goiás, onde a doença é o principal fator limitante da produtividade. Mesmo assim, nestes estados foram alcançados rendimentos entre 6 e 7 toneladas por hectare. 

Em São Paulo, onde a intensidade da incidência da doença é menor devido às condições climáticas, a expectativa é de que as cultivares permitam melhores produtividades nas várzeas irrigadas paulistas.

O trabalho de recomendação de uso destas cultivares para o Vale do Paraíba vem sendo desenvolvido dentro do Programa de Melhoramento de Cultivares da unidade de pesquisa da Embrapa e estão sendo plantadas e conduzidas de acordo com as tecnologias utilizadas pelo produtor, isto é,  sem a interferência dos técnicos, explicou Glênio Wilson de Campos, agrônomo do DSMM/Taubaté.

As linhagens são materiais que ainda não passaram por todas as etapas de validação do programa de melhoramento genético da cultura e, portanto, ainda não estão prontas para a produção de sementes comerciais e plantio em larga escala, explica o pesquisador da Embrapa Arroz e Feijão.

A experiência com as linhagens mostrou que as CNAi 8870 de ciclo precoce, CNAi 8622 de  ciclo mediano e CNAi 8569 de ciclo tardio – que vêm sendo depuradas já há algum tempo e foram testadas na região de Taubaté – são promissoras para o estado de São Paulo e apresentam rendimentos  semelhantes às cultivares BRS Jaburu e BRS Biguá.

Outro aspecto favorável dessas variedades e linhagens que serão mostradas aos agricultores é a alta qualidade do grão, semelhante ao Epagri 109, um produto valorizado pelo mercado. As características são grão tipo agulhinha (longo-fino) de cozimento solto e macio e com percentual em torno de 60% de grãos inteiros no processo de industrialização.

Além dessas características todos os materiais possuem rápida maturação pós-colheita, isto é, os grãos podem ser levados para o beneficiamento, ensacamento e aos supermercados por cerca de até 30 dias após terem sido colhidos. Isso desonera o produtor rural, pois significa menos custos com a estocagem de grãos.

A disponibilização da BRS Jaburu e BRS Biguá para os agricultores do Vale do Paraíba visa oferecer mais alternativas para o plantio já que grande parte da área orizicultura é ocupada com uma única variedade, a Epagri 109. Logo, em caso de problemas de quebra de resistência desse material em relação a doenças, o impacto pode ser devastador.

As ofertas de sementes aos agricultores interessados em cultivar a BRS Jaburu e BRS Biguá  já poderão ser feitas na próxima safra de verão 2004/05. A viabilidade do lançamento das linhagens será discutida no Dia de Campo junto com os produtores rurais. Caso sejam aceitas, a previsão é de que as sementes da CNAi 8870 cheguem ao mercado em 2005/06 e as CNAi 8569 e CNAi 8622 em 2006/07. A área potencial de plantio das variedades e linhagens no Vale do Paraíba é de 13 mil hectares.

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