Arrozeiros mantêm preços em plena safra

Ao contrário de anos anteriores, produtores estão conseguindo segurar os preços da saca de arroz mesmo durante o período de colheita, quando há mais oferta no mercado.

Os produtores de arroz do Rio Grande do Sul estão otimistas. Depois da ajuda que receberam de São Pedro, que deixou o clima perfeito desde o plantio até a colheita, agora é a vez de terem o mercado a seu favor. Pelo segundo ano consecutivo a saca de 50 quilos do produto está sendo vendida em plena safra com preços acima do custo de produção calculado pelo Instituto Rio-grandense do Arroz (Irga).

No Vale do Rio Pardo,conforme levantamento da Ascar/Emater, a saca está sendo comercializada entre R$ 32,00 e R$ 34,00, enquanto para produzi-la, os agricultores investiram R$ 29,69. A ordem, porém, é abrir o olho e não deixar os preços despencarem.

De acordo com o presidente da Cooperativa Agrícola Rio Pardo Ltda., Antônio Barbosa Netto Júnior, a comercialização favorável deve-se a uma combinação de fatores e, principalmente, de esforços dos próprios arrozeiros. “Ao longo dos anos os produtores foram aprendendo que não se pode vender toda a produção de uma só vez. Desde o ano passado, quem pode está repassando apenas aquilo que precisa. O resto fica estocado à espera de preços melhores”, observou.

O dirigente acredita que isso está sendo possível porque os plantadores estão mais capitalizados, graças aos bons preços da safra passada e à renegociação de dívidas.

Além disso, até as exportações estão ajudando neste ano. “Os produtores do Uruguai e da Argentina estão comercializando volumes menores na tentativa de obter melhores preços, e o Governo não está permitindo a entrada do arroz da Tailândia, um forte concorrente”, explicou Júnior. Ele alerta, porém, que se os agricultores não se organizarem agora, no final da colheita, o cenário pode se inverter. “Pode haver excesso de produto no mercado. Para que isso não aconteça, os arrozeiros devem se programar e vender sua produção de forma escalonada”, frisou.

Segundo Júnior, embora os arrozeiros não estejam operando no vermelho, o momento não é de comemoração. “Os produtores estão obtendo preços razoáveis. O ideal é que a saca de 50 quilos seja vendida a, no mínimo, R$ 37,00”, destacou. Para o dirigente, trata-se de uma safra normal, tanto em volumes de produção como em políticas de comercialização.

O responsável pelo escritório do Irga em Candelária, Caubi Pilon, acredita que o “pior já passou”, mas também pede cautela aos lavoureiros. Especialistas afirmam que, embora aconteçam oscilações de mercado, o saco de arroz em casca de 50 quilos, com mais de 58% de grãos inteiros, não fica mais abaixo dos R$ 33,50 este ano.

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