Arrozeiros têm ajuda de marrecos na lavoura

Aves alimentam-se das ervas daninhas e auxiliam na redução de custos das pequenas propriedades .

O que parece ser mais uma receita culinária na verdade é uma técnica de produção aplicada por produtores do Rio Grande do Sul. Prática milenar desenvolvida em países asiáticos, o uso de marrecos nas lavouras de arroz irrigado está rendendo bons resultados em pequenas propriedades gaúchas.

Plantando 60 hectares em Restinga Seca, no centro do estado, o produtor Paulo Possebon iniciou os experimentos em 2001, com cerca de 50 animais. Agora, 400 marrecos povoam a lavoura do agricultor. O principal benefício da técnica é o controle de pragas.

“Qualquer inseto ou invasores, como a bicheira-da-raiz, o caramujo e o percevejo, acabam servindo de alimentação para as aves”, explica. O arroz vermelho, erva daninha que representa a maior preocupação dos produtores, também é eficientemente controlado.

Segundo Possebon, antes de utilizar os marrecos, os gastos para retirar a praga da lavoura variavam entre R$ 100,00 e R$ 120,00 por hectare. Atualmente, o trabalho, que tem a mão-de-obra reduzida, custa cerca de 10% deste valor.

A menor incidência de pragas é sinônimo de maior rendimento na plantação. O agricultor de Restinga Seca costuma comparar as áreas onde os marrecos estão presentes com as áreas por onde as aves não passaram. “Tudo também depende do manejo adequado, mas a produtividade é 10% superior onde a técnica foi aplicada”, conta.

Lucrativos, os marrecos também dão trabalho aos agricultores. “É preciso adaptar as pequenas propriedades às características da técnica”, lembra Possebon. Além de manter um local específico para encerrar os animais, é necessário protegê-los de seus predadores.

Depois de trabalhar nas lavouras, os marrecos são comercializados vivos pelos produtores. A maior procura, entretanto, é pelos ovos, que são vendidos na região e utilizados principalmente na fabricação de massas. A fêmea da espécie coloca entre 90 e 110 ovos por ano, a partir do sexto mês de vida.

A tendência é de ampliação do cultivo com as aves, acredita Possebon. “Em algumas propriedades existem até mil animais”, complementa.

Na região de Restinga Seca, a Emater vem procurando difundir o manejo e orientar os agricultores, que estão cada vez mais interessados nos benefícios desse cultivo. Além das vantagens financeiras, a natureza também é beneficiada pelo emprego da técnica.

O agricultor Clailton Dotto, que há mais de oito anos trabalha com os marrecos, comenta que a bicheira-da-raiz normalmente é combatida com um inseticida tóxico, de alto impacto ambiental. Com as aves, o processo fica ecologicamente correto e mais barato, já que um filhote custa em torno de R$ 2,50.

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