Arroz atrai investimento em Mato Grosso

Tio Jorge é o primeiro a chegar no nordeste do estado, com investimento de R$ 300 milhões. O nordeste de Mato Grosso pode ser o novo eldorado do arroz no estado. No próximo mês, começa a ser construída a primeira indústria de beneficiamento do grão na região, que hoje responde por 15% da produção mato-grossense.

A primeira empresa a se instalar no nordeste de Mato Grosso é o Grupo Tio Jorge, com forte presença no centro-norte do país. Este ano o grupo vai investir R$ 300 milhões na construção de uma unidade em Mato Grosso e na ampliação de centros de distribuição no norte e nordeste do país.

Em Vila Rica, na região nordeste do estado, o grupo está investindo R$ 16 milhões para a construção de uma indústria com capacidade de beneficiamento de 20 mil toneladas por mês, gerando 250 empregos diretos e 600 indiretos. “Escolhemos o município por sua localização estratégica, na divisa com o Pará”, diz Victor Rodrigues da Costa, presidente do grupo.

Esta é a segunda unidade da Tio Jorge em Mato Grosso. A outra fica em Sinop, com capacidade de beneficiamento de 20 mil toneladas por mês.

A instalação da empresa em Vila Rica é possível porque a Prefeitura cedeu o terreno e o Governo do Estado oferece redução de até 75% do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), por meio do Programa de Incentivo às Indústrias do Arroz (Pró-Arroz).

O percentual do benefício é calculado com base em parâmetros como a agregação de valor, a localização do empreendimento, a geração de empregos e o recurso investido. Ainda não foram definidos porém os benefícios que o grupo terá do Governo Estadual. As obras da construção da unidade de Vila Rica iniciam na primeira semana de junho.

“Se somos o segundo maior produtor de arroz no Brasil, não tinha cabimento vender em casca e comprar industrializado. Por isso criamos os incentivos”, disse o secretário adjunto de Indústria, Comércio, Minas e Energia, José Epanimondas Conceição. Em 2002, quando o programa começou, 12 indústrias de arroz se instalaram no estado. Hoje são 55.

Costa diz que a intenção do grupo é estar com a indústria do nordeste de Mato Grosso em funcionamento a partir de janeiro, para beneficiar a safra 2004/05. “Garantimos a secagem e a compra do arroz de 1,2 mil produtores da região”, afirma o presidente do grupo.

A Tio Jorge está no mercado há 10 anos, com sede em Goiás e unidades no centro-norte do País, além do Rio Grande do Sul, produzindo 800 mil fardos de arroz por mês. A expectativa é de que a produção a empresa passe para 1,2 milhão por mês até junho de 2005, num crescimento de 50%.

No montante dos investimentos deste ano estão ainda a construção e ampliação de centros de distribuição em Redenção (PA), Juazeiro do Norte (CE), Teresina (PI) e a abertura de novos pontos de venda.

Segundo dados da Associação Brasileira da Cadeia Produtiva do Arroz (Abrarroz), o Mato Grosso tem hoje capacidade de beneficiamento para 1,5 milhão de toneladas, com produção estimada de 1,2 milhão de toneladas do grão.

Arthur Albuquerque, presidente da Abrarroz, diz que há cinco anos a maioria das indústrias de arroz era de pequeno porte e estava concentrada na região de Cuiabá. Neste período, houve um crescente investimento, inclusive com a abertura de filiais de empresas do Rio Grande do Sul – maior produtor nacional do grão – mudando a base industrial para a região de Sinop. Agora, as indústrias beneficiadoras começam a migrar mais ao nordeste do estado.

“O arroz ainda tem muito o que crescer em Mato Grosso, principalmente no nordeste, onde pode servir para melhorar áreas de pastagem”, diz Albuquerque. Segundo ele, como o grande nicho do grão no país hoje é o Pará, que a cada ano bate recordes de crescimento de área, a tendência é que as indústrias se instalem próximo àquele estado.

“A instalação de uma indústria é uma grande vantagem para o agricultor, que tem mais uma oportunidade de comercialização”, diz Ângelo Maronezzi, presidente da Associação dos Produtores de Arroz (APA) de Mato Grosso. Atualmente, segundo ele, os arrozeiros daquela região precisam vender o produto para Goiás e Minas Gerais.

Maronezzi acredita que o nordeste do estado tem grande potencial de crescimento e que a produção será estimulada com a construção da indústria. Para o presidente da APA, a instalação da Tio Jorge poderá também valorizar o grão local, que teria um incremento de até 10% no preço.

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