Dados da Conab vão refletir positivamente no mercado
Números finais ainda não agradam setores produtivos, mas a diferença pode estar nos critérios que determinaram uma produção de 12,7 milhões de toneladas de produção
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Embora gerando ainda alguma polêmica, os números finais do levantamento da safra de arroz 2003/2004 pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) foram positivos para esta cadeia produtiva. A redução de aproximadamente 170 mil toneladas sobre a última expectativa de produção (de 12.869,9 milhões de toneladas para 12.700,4 milhões/ton) justificou em parte o questionamento das entidades gaúchas, mato-grossenses e de outras regiões aos números anteriores divulgados pela Conab.
Ainda consideramos este número final muito acima da realidade apontada pelo setor, principalmente levando em conta as quebras de produção do Mato Grosso, do Nordeste e de Santa Catarina, explicou o presidente do Instituto Rio-Grandense do Arroz (Irga), Pery Francisco Sperotto Coelho.
O diretor de mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, afirma que a diferença é apenas de critérios para a avaliação final. A Conab ainda não considera a quebra técnica, entre o armazém e o consumidor, que fica em torno de 2,4%. Se considerasse este percentual, seus números finais ficariam em torno de 12,4 milhões de toneladas, bastante próximo do que o setor considera real, entre 12 milhões de toneladas e 12,2 milhões de toneladas, explicou.
Tavares, no entanto, destaca que a Conab acertou os números referentes aos estoques iniciais (que caíram para 358 mil toneladas), numa postura que merece elogios. Hoje o quadro de oferta e demanda, que é o fator mais importante para determinar os patamares do mercado, apresenta um estoque de passagem de 1,158 milhão de toneladas, o que é perfeitamente administrável dentro do mercado, representando 96,5 mil toneladas/mês.
É um número absolutamente diferente dos mais de 2 milhões de toneladas de estoques que o mercado trabalhava até agora, e que pressionava os preços do produto no mercado interno. Esta nova realidade deve trazer reflexos nos preços internos, assegura o diretor da Federarroz. Segundo ele, os números do quadro de oferta e demanda da Conab estão ajustados com os do setor, que trabalhava com um estoque de passagem de 1 milhão de toneladas.
O presidente do Irga, Pery Sperotto Coelho, concorda com Tavares. Para ele, o quadro de oferta e demanda divulgado pela Conab está mais próximo da realidade, apontando um estoque facilmente administrável. Este quadro, apesar de não computar as perdas técnicas e a realidade da produção de alguns estados importantes, como o Mato Grosso, vai trazer uma certa tranqüilidade e permitir que o mercado volte a fluir, acredita.
O diretor de mercados da Federarroz, Marco Aurélio Marques Tavares, acredita que com estes novos dados e com a consolidação, nos próximos dias, do Projeto Exportação para a busca de novos mercados consumidores, o mercado deverá se manter equilibrado e experimentar, neste segundo semestre, um viés de alta. Hoje, boa parte de nossos argumentos para os preços se manterem acima dos R$ 33,00 no Rio Grande do Sul está comprovada e a realidade de mercado é completamente diferente da semana passada, afirmou.