Safra gorda em Goiás no ano do arroz

A produção do cereal dá um salto de cerca de 50% em Goiás. Produtividade aumenta e produto apresenta boa qualidade.

Terminada a colheita, Goiás fechou as contas de uma de suas melhores safras de arroz de sequeiro. Plantou mais, colheu mais e com maior rendimento por área. Das lavouras goianas saíram 303 mil toneladas, apuraram o IBGE e o Grupo de Coordenação e Estatística Agropecuária (GCEA). Somado o arroz de cultivo irrigado, que tem uma safra já colhida este ano e outra em fase inicial de cultivo, o estado deve fechar o ano com 367,13 mil toneladas e, provavelmente, a maior produtividade média de sua história.

A cultura já foi muito maior no estado em área e volume colhido e sofreu forte queda a partir da década de 80. Porém, agora, a eficiência produtiva cresceu. Será um salto de cerca de 50% sobre o ano agrícola anterior. Ainda que haja pequena queda nesta fase de cultivo, o arroz deverá ser o grão a alcançar, desta vez, maior aumento de produção no estado, em comparação às colheitas do período passado. Entre as principais culturas, é crescimento inferior apenas ao da produção de algodão, classificado no grupo das fibras. O algodão deverá ter aumento de 61,10% sobre o volume obtido em 2002/2203, estima o GCEA.

A boa produção foi conquistada justamente no Ano Internacional do Arroz, com jeito de ser também o ano nacional da cultura. O Brasil colhe em 2004 a sua maior safra do grão. Serão 12,869 milhões de toneladas, superior à histórica colheita de 11,58 milhões de toneladas de 1998/1999. Com aumento de oferta de 24,1% sobre a safra anterior, o país, um dos maiores consumidores mundiais de arroz, chega à auto-suficiência.

O Rio Grande do Sul deve contribuir com cerca de 49% da safra nacional 2003/2004. A produção goiana, como evidenciam os números, ainda pouco representa, deve ficar em cerca de 2,9% do total. Em consumo, o estado se destaca: é o segundo maior do país, com 42 kg per capita/ano, só inferior ao Tocantins (49 kg per capita/ano). Um mercado que, somada a demanda de Brasília, por si só justifica aumento substancial dos investimentos na cultura, para reduzir a compra de outros estados.

É o pesquisador Emílio da Maia de Castro quem chama atenção para outro fator: como o Brasil não exporta arroz, o aumento da produtividade, com o gradativo avanço tecnológico, forçou a redução da área de cultivo. Produção de sobra faria os preços caírem ainda mais. Outra influência vem da manutenção de bom estoque regulador pelo Governo, como instrumento de controle da inflação.

QUALIDADE

A safra este ano poderia ser ainda maior, já que houve perdas por causa de fatores climáticos. As chuvas atrapalharam o trabalho das colhedeiras de arroz, ao se prolongarem. A brusone provocou danos preocupantes em algumas áreas, mas nada impediu que o resultado superasse as melhores expectativas, explica o técnico Ronaldo Elias Campos, da Conab em Goiás, Setor de Apoio à Logística e Gestão da Oferta. As lavouras apresentaram panícolas bem granadas e produto de muito boa qualidade, ele conta.

Antônio Marinho dos Reis, orizicultor em Luís Alves, confirma, ao dizer que a produtividade foi superior à do ano passado. Ele colheu média de 40 sacas em cultivo de sequeiro e 75 sacas por hectare em lavoura irrigada (também durante as chuvas), mas tem notícia de quem chegou a 100 sacas/ha, entre os 36 irrigantes que participam do projeto. O preço melhorou, mas Marinho acha que precisaria estar um pouco mais acima para remunerar devidamente o produtor.

O empresário João Bonifácio Lenine também cultiva arroz no distrito pertencente ao município de São Miguel do Araguaia. Ele comenta que o mercado é cíclico e o custo de produção muito alto, devido às despesas com irrigação. A seu ver, a atividade ainda se ressente da falta de variedades com tolerância maior às doenças fúngicas, principalmente a brusone. Mas Lenine vendeu sua produção logo após a colheita e avalia que o preço alcançado, R$ 38,00 a saca, foi compensador.

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