Mercosul deve focar exportações fora da Ásia

O sócio-economista do Instituto Internacional de Pesquisas em Arroz das Filipinas, Mahabub Houssain, afirma que o Brasil e o Mercosul devem concentrar esforços para exportar seus excedentes para as Américas do Sul, Central e do Norte (principalmente o México) África e Oriente Médio.

O sócio-economista do Instituto Internacional de Pesquisas em Arroz (Irri) das Filipinas, Mahabub Houssain, uma das principais autoridades mundiais no assunto, afirma que o Brasil e o Mercosul dificilmente poderão participar como fornecedores de arroz para o mercado asiático, mesmo que a China passe a importar um volume mais significativo anualmente.

Segundo Houssain, se o próprio governo chinês não retomar a produção do cereal, fundamental para a alimentação de seu país, esta demanda será suprida pelo aumento de áreas na Tailândia, no Vietnam, no Camboja, no Laos e na Indonésia, países próximos e de grande potencial de produção. “Ainda existem muitas áreas para serem abertas para o arroz, principalmente no Camboja, no Laos e na Indonésia”, frisou.

Segundo ele, a localização geográfica e a produção do mesmo tipo de arroz favorecem estes países num eventual abastecimento do mercado asiático. A Austrália também poderá beliscar uma fatia deste mercado, segundo Houssain. Ele acredita que talvez o Mercosul sinta um pequeno reflexo de demanda se países como a Tailândia e o Vietnam direcionarem seus excedentes apenas para atender o mercado da Ásia. Mas, crê que o arroz subsidiado norte-americano atenderá estes mercados com maior efetividade.

Em entrevista exclusiva para a Revista Planeta Arroz, durante visita recente a Porto Alegre, Mahabub Houssain afirmou que o Brasil e o Mercosul devem focalizar a exportação de seus excedentes de arroz em casca ou beneficiado para outros países da América do Sul, do Caribe e América Central, ao México, ao Oriente Médio e para a África.

O problema, segundo Houssain, é que o Mercosul precisa encontrar uma “janela” de exportação na entressafra dos concorrentes ou produzir com baixo custo para tornar-se competitivo, pois terá como grande concorrente os Estados Unidos, que subsidiam pesada e diretamente a sua produção. “Pessoalmente, não acredito que estes subsídios sejam reduzidos a curto ou médio prazos”, frisa.

O Mercosul precisará ganhar mercado por fatores como qualidade, oferta na entressafra americana ou preços muito competitivos, mesmo diante dos parâmetros de subsídios norte-americanos. Segundo ele, a proposta do Mercosul pedir à OMC um painel de arbitragem para os subsídios agrícolas oferecidos ao arroz norte-americano é um tema interessante que pode afetar esta correlação favoravelmente ao bloco econômico. Uma concorrência mais leal poderá abrir mercado para até 2 milhões de toneladas/ano ao bloco, estima.

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