Estiagem agrava situação dos arrozeiros

Quarta-feira choveu em alguns pontos da fronteira, mas a chuva foi fraca. Ainda não há previsão de chuvas fortes para a região.

A falta de chuva está deixando os arrozeiros gaúchos cada vez mais preocupados. Ao mesmo tempo em que se aproxima a época do plantio, os níveis das barragens estão baixos para o abastecimento das lavouras, principalmente nos municípios da Fronteira Oeste.

Em Uruguaiana, 70% da área plantada é irrigada por barragens, que têm, em média, 50% do volume de água necessário. “Muitos produtores estão optando por semear parte da lavoura nas próximas semanas e esperar a chuva para plantar o restante mais tarde”, declara Alexandre Lima, gerente da regional do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga).

Na última safra, os agricultores de Uruguaiana e Quaraí preencheram 98 mil hectares com arroz. A previsão inicial para este ano era repetir a área plantada. “Se esse número fosse calculado hoje, haveria uma redução de 50% em função da estiagem”, aponta Lima.

A deficiência hídrica afeta também as regiões da Campanha e do centro do estado. Em Bagé, as barragens apresentam entre 50% e 70% do nível necessário, comenta o assistente técnico da Emater Erich Oscar Groeger. “Os arrozeiros precisam de chuva intensa, porque agora, como o chão está muito seco, a água acaba ficando no solo e não vai para as barragens”, destaca.

Além de escassas, as chuvas estão mal distribuídas, prejudicando as pastagens. “Durante todo o inverno choveu pouco, o que afetou o rebrote dos campos”, acrescenta o técnico.

Na região de Santa Rosa, a baixa umidade atrasou o plantio do milho, atividade que aos poucos é retomada pelos agricultores. “Alguns produtores também estão preocupados com a falta de água para os animais”, observa o gerente regional da Emater Jorge Lunardi.

Nesta quarta-feira choveu em muitos municípios do Rio Grande do Sul. O professor Eugênio Hackbart, da Rede de Climatologia Urbana, explica que a entrada de uma frente fria pela Fronteira Oeste deve fazer com que as precipitações permaneçam nos próximos dias. De acordo com o meteorologista, o mês de agosto registrou um déficit hídrico de 42% no geral do estado.

Em São Borja, o prefeito José Pereira Alvarez decretou situação de emergência no início desta semana. Segundo o decreto, desde o começo do ano foi contabilizada precipitação de 509 milímetros, volume 461 milímetros abaixo do normal para o período. A falta de chuva causou diminuição do fluxo de água na bacia hidrográfica dos rios Icamaquã e Butuí. Em cidades como Uruguaiana e São Gabriel, o somatório do ano indica precipitações entre 450 ml e 550 ml. A média normal durante o ano inteiro, entretanto, fica entre 1.300 ml e 1.400 ml.

Na safra passada, a estiagem do verão que prejudicou principalmente a soja e o milho, foi positiva para o desenvolvimento do arroz. O Rio Grande do Sul, responsável por cerca de 50% da produção nacional do cereal, colheu 6,3 milhões de toneladas. A ocorrência de chuva nos próximos dias será decisiva para a manutenção ou não da área de 1,03 milhão de hectares plantada no período 2003/2004.

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