Rotação de trigo com arroz dá certo

Pesquisa desfaz mito sobre cultivo de cereais de inverno em terras baixas.

Experimento realizado há dois anos pelos pesquisadores Vanderlei Caetano, Vilmar Wendt e Júlio Centeno, na Estação Experimental de Terras Baixas (EETB) da Embrapa Clima Temperado (Pelotas/RS), desfaz a reação contrária que há na região sobre o cultivo de cereais de inverno em área de várzeas. Durante dia de campo realizado na manhã desta terça-feira 26, na unidade do Capão do Leão, foram apresentados a grupo de produtores os resultados obtidos com o cultivo de cereais de inverno (trigo, aveia, triticale, centeio) em áreas de várzea.

O grande destaque foi o cultivo de trigo, em área experimental de dois hectares, com a utilização do sistema de camalhão, com produtividade estimada em torno de três mil quilos por hectare, sem qualquer outro tratamento, apenas a adubação. “O maior ou menor potencial da cultivar depende do tratamento dado à lavoura, e num futuro bem próximo, pode-se obter lavouras com produtividades entre cinco e seis mil quilos”, aposta o pesquisador Júlio Centeno. Segundo ele, a região possui potencial agroclimático de produzir 25 mil quilos por hectare ao ano.

A variedade utilizada na área experimental foi a BRS-177, desenvolvida pela empresa e adaptada a solos encharcados, uma das cinco cultivares recomendadas pela pesquisa para a região. As outras são a Embrapa 16, Fundacep 30, BRS 120 e CEP 24.

Entre os materiais recomendados, a BRS 177 é a que apresenta o ciclo mais tardio, em torno de 149 dias, da emergência à maturação. O material apresentou ainda, rendimento 21% superior a testemunhas (mesma variedade em outro sistema de cultivo) utilizadas e se caracteriza ainda pela maior resistência a doenças, entre elas, a Giberela, um dos piores problemas da lavoura de trigo. A Embrapa 16 é a de ciclo mais precoce, em torno de 141 dias.

O sistema de camalhão é recomendado também para outras culturas nas áreas de arroz, geralmente alternada pela utilização à pecuária de corte. A diversificação com pastagens cultivadas, milho, soja, sorgo e o trigo, evita principalmente a degradação (física, química e biológica) do solo. O trigo cultivado no inverno, alternado com o arroz como cultura de verão, além do controle de erosão e plantas daninhas, fecha o círculo produtivo ao apresentar uma maior rentabilidade.

Alguns produtores da região já utilizam o sistema na produção de soja (Fazenda São José, Pelotas) e aveia, sorgo pastejo e silageiro (Estância Vale da Prata, Rio Grande), com excelentes resultados.

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