El Niño fraco beneficia safra de grãos 2004/0

Efeito na lavoura de arroz já começa a ser sentido com a recuperação dos mananciais da fronteira-oeste gaúcha, depois de longa estiagem.

A agricultura deve enfrentar mais um ano sob a influência do El Niño, fenômeno causado pelo aquecimento das águas do oceano Pacífico e que provoca mudanças climáticas em todo o mundo. “Deve ser um ano de El Niño de fraca intensidade, o que será, no geral, benéfico para a agricultura”, diz Paulo Etchichury, sócio-diretor da empresa Somar Meteorologia.

O período 2004/05 deve ser marcado por mudanças climáticas mais amenas que as registradas em 2002/03, quando um El Niño de intensidade moderada provocou fortes chuvas na região Sul do País, atrapalhando a colheita da safra de trigo e reduzindo sua qualidade.

Neste ano, o El Niño começou a atuar nas duas últimas semanas de novembro. Ele trouxe chuvas para o Rio Grande do Sul, repondo os baixos níveis dos reservatórios de água e beneficiando as lavouras de arroz, que sofriam com a falta de umidade. No Nordeste, o El Niño trouxe as necessárias chuvas para que os produtores de soja, milho e algodão do oeste da Bahia, sul do Maranhão e sul do Piauí pudessem entrar com suas plantadeiras no campo. Naquelas regiões o plantio estava atrasado há quase 20 dias.

Mais chuvas no Sul

Na região Sul, onde o verão é historicamente seco, o fenômeno El Niño vai intensificar a ocorrência de chuvas, que também serão generalizadas. “Cai o risco de estiagens prolongadas, a exemplo daquela que prejudicou as lavouras de soja em 2003/04”, afirma Etchichury. O aumento das precipitações favorece os produtores de arroz de sequeiro, porém pode ser um problema para aqueles que trabalham com o irrigado.

Para o Centro-Oeste e o Sudeste, as chuvas devem ser normais, favorecendo os produtores de milho, soja e algodão. As temperaturas devem subir, o que pode encurtar o ciclo de crescimento das lavouras.

No Nordeste, o regime de chuvas deve ser normal até janeiro. Depois disso, a tendência é de que tanto o volume quanto a distribuição das precipitações sejam irregulares. “O quadro tende a ser pior na porção norte, que compreende o agreste e o semi-árido”, diz Etchichury. A região engloba o município de Irecê, na Bahia, importante produtor de feijão. “Os agricultores dessa região devem ter em mente que as condições climáticas podem não ser ideais”, diz.

Prognóstico para 2005

Os meteorologistas devem continuar monitorando a evolução do El Niño nos próximos meses. Ainda há dúvidas se o fenômeno climático continuará atuando no primeiro semestre no próximo ano.

“O El Niño pode ser um aliado no desenvolvimento da safra de grãos, porém pode transformar-se em fonte de preocupação durante a colheita em 2004/05”, diz o meteorologista da Somar.

Isso significa que poderá chover mais na região Sul, atrapalhando a colheita da safra de verão.

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